Conforme dados do Banco Central, o Brasil registra quase 140 milhões de usuários com chaves Pix cadastradas, e mais de 130 milhões com pelo menos uma transação realizada, o que corresponde a aproximadamente 70% de toda a população bancarizada do país. No entanto, com o aumento do uso do Pix, também surgiram inúmeras tentativas de golpes envolvendo esse sistema.
Grupos especializados em fraudes têm tirado proveito da velocidade e conveniência do Pix para realizar suas atividades ilícitas. Portanto, é crucial estar atento aos principais tipos de golpes relacionados ao Pix. Abaixo, apresentamos uma lista informativa para sua referência.
O clássico roubo de dados
Esse golpe criado para roubar informações funciona da mesma forma com Pix, cartão de crédito, transferências, etc. Mesmo com muitas ações que nem envolvem dinheiro, como simples cadastros.
A estratégia é criar uma página falsa para enganar quem está cadastrando sua chave Pix. Os golpistas enviam mensagens via SMS ou e-mail com um link para um site que eles criaram. Assim que a pessoa inserir nome, CPF, conta bancária e outras informações, ele desaparece.
Não caia: verifique duas vezes se você está nas páginas reais do seu banco. Antes de inserir qualquer informação, verifique a url (endereço que aparece no navegador). Se for muito longo ou cheio de coisas que você não consegue identificar, desconfie.
WhatsApp clonado ou “trocado de número”
Os dois golpes de Pix mais comuns acontecem no WhatsApp e de forma quase idêntica. Na primeira, os golpistas clonam seu perfil e o abrem em outro dispositivo com o mesmo número, foto e nome. Aí eles começam a abordar os contatos com alguma desculpa para pedir dinheiro.
Em outra versão, eles utilizam esses dados para criar um novo perfil no WhatsApp, vinculado a um novo número de telefone. Fingindo ser a pessoa, eles mandam mensagens explicando que mudaram de número e o mesmo chat pedindo dinheiro.
Não caia: ative a função de verificação em duas etapas no seu aplicativo WhatsApp para criar uma barreira de proteção na sua conta. E se você for abordado por alguém conhecido via WhatsApp pedindo dinheiro, ligue para a pessoa.
As fake news sobre o bug do Pix
Aproveitando as notícias falsas que se espalham rapidamente, os golpistas criaram uma história dizendo que há uma falha ou bug no Pix que pode beneficiar qualquer pessoa “inteligente” – sim, a vítima.
Os detalhes mudam de tempos em tempos, mas geralmente corre o boato de que a pessoa receberá de volta o dobro do valor transferido ou valores de “prêmios” pré-definidos caso envie dinheiro por determinadas chaves Pix.
Quem cai acaba mandando dinheiro direto para o golpista (é a chave dele, claro).
Não caia: dinheiro fácil não existe. E se for divulgado nas redes sociais, menos ainda. Pense duas, três vezes antes de acreditar em boatos sobre bugs do Pix (ou qualquer outra coisa).
A falsa central de atendimento
Nesse esquema, os golpistas entram em contato fingindo ser da central de atendimento do banco onde a pessoa tem conta e oferecendo ajuda para cadastrar uma chave ou dizendo que algum tipo de teste precisa ser feito.
A vítima é induzida a fornecer seus dados ou a criar uma chave e fazer uma transferência via Pix (para a chave do golpista) para testar seu funcionamento e sob a promessa de que o valor será devolvido. Mas isso nunca volta.
Não caia: as instituições financeiras não podem solicitar ativamente dados pessoais de seus clientes, apenas quando uma operação for solicitada pela própria pessoa. Além disso, não existem testes desse tipo com o Pix – e se houvesse, você não seria informado por telefone.
QR Code e vouchers falsos em transações
Como muita gente acaba comprando coisas e pagando via Pix, alguns golpes se dedicam a pegar quem faz as coisas sem prestar muita atenção nesse momento. Seja para pagar ou receber.
O código QR de algum lugar ou site pode ser adulterado – levando seu dinheiro para uma conta que não é da pessoa ou estabelecimento que lhe vendeu. Se você estiver recebendo dinheiro, também poderá ser vítima de golpistas que compram e enviam recibos de transferência falsos.
Não caia: verifique sempre o nome associado aos códigos e chaves que aparecem na transferência e em todos os recibos de transações que envolvem Pix.
Pix como investimento
O golpe é voltado para quem busca investimentos com retorno imediato e rentável. Nele, golpistas conhecidos como “reis” e “rainhas” do Pix usam as vítimas para lavar dinheiro – e roubar mais.
Funciona assim: perfis desses “especialistas” publicam tabelas de valores que, se transferidos, podem dar retornos imediatos e pré-definidos (e exorbitantes). Quem cai, manda o valor na esperança de que o retorno chegue. Mas isso não acontece.
Em alguns casos, pode até acontecer. Os golpistas escolhem algumas vítimas para realmente receber algum retorno. Mas eles fazem isso para lavar o dinheiro sujo que recebem de outros golpes. E a vítima que recebeu essa devolução ainda pode ser responsabilizada criminalmente como cúmplice.
Não caia: não há retorno imediato e rentável dos investimentos. Investir exige planejamento e conhecimento, por isso evite “oportunidades” desse tipo.
André Carvalho
