Os acionistas minoritários da Cesp, empresa de geração de energia com sede em São Paulo, conseguiram melhorar as condições do negócio que irá fundir ativos da Votorantim e do fundo de pensão canadense CPPIB.
Liderado por Felipe Dutra, da gestora ativista Squadra, o comitê independente formado pela Cesp para negociar o negócio recomendou ao conselho de administração que a concessionária de geração de energia fosse avaliada em R$ 9,1 bilhões na relação de troca, o equivalente a R$ 27,93 por unidade.
A recomendação do comitê foi acatada pela diretoria da Cesp, que a aprovou na sexta-feira e acaba de divulgar fato relevante sobre a operação. Com a mudança, os acionistas minoritários da Cesp passarão a deter 30,63% da empresa resultante da união de ativos. Na proposta original, ficariam com 29,9%.
A nova avaliação da Cesp implica uma melhora de 5,9% em relação à sugestão feita no final de outubro pelos acionistas controladores. Na época, a concessionária de energia foi avaliada em R$ 26,76, com valor patrimonial de R$ 8,6 bilhões.=
“De acordo com a matemática que fizemos na semana passada, considerando a taxa interna de retorno para 8%, GSF [Generation Shift Factor], preço de longo prazo e data de referência [final de 2021], a Cesp estaria avaliada em apenas R$ 28, o que sugere uma relação de troca justa”, disse Antonio Junqueira, do Citi, em comentário preliminar enviado aos gestores de recursos. O analista também elogiou o trabalho do comitê independente. “Muito bom trabalho da comissão. Eles respeitaram os acionistas minoritários e realmente alinharam todas as variáveis.”
Após a aprovação da relação de troca, a Cesp deve agora convocar uma assembleia geral de acionistas para deliberar sobre o assunto. Como a Votorantim e o fundo de pensão canadense poderão votar, o negócio está praticamente aprovado. A expectativa é que a fusão seja concluída em fevereiro.
A criação da nova empresa, gigante de energia renovável que será listada na bolsa B3, está avançada. A primeira etapa já foi concluída, com a união dos ativos de energia elétrica da VTRM (joint venture com os canadenses que detinham o controle da Cesp e dos ativos eólicos) e Votorantim Energia.
Na primeira etapa do negócio, o fundo de pensão canadense injetou R$ 1,5 bilhão no VTRM. A Votorantim ofereceu os ativos da Votorantim Energia, avaliados em R$ 2,8 bilhões. Agora, a Cesp-VTRM, que criará a nova empresa com nome ainda não divulgado, ainda precisa ser feita.
O comitê independente também elevou a avaliação dos ativos da Votorantim Energia, de R$ 2,5 bilhões para R$ 2,8 bilhões. Com as mudanças, nasce a empresa de energia avaliada em quase R$ 17,9 bilhões. O valor considera o patrimônio da Cesp (R$ 9,1 bilhões), os ativos da Votorantim Energia (R$ 2,8 bilhões), os da VTRM (R$ 4,5 bilhões) e aporte do fundo canadense (R$ 1,5 bilhão).
A Votorantim deterá 37,74% dos novos negócios, enquanto a CPPIB ficará com 31,94%. O restante ficará com os atuais acionistas minoritários da Cesp, que incluem empresas de gestão de recursos como Squadra (dona de 19,4% das ações preferenciais e 12,3% do capital total) e Truxt.
