A China e a Arábia Saudita firmaram um novo compromisso de colaboração estratégica no setor marítimo, com ênfase na construção naval, inovação tecnológica e desenvolvimento de estaleiros. A iniciativa marca mais um passo da Arábia Saudita rumo aos objetivos da Visão 2030, que busca ampliar sua autossuficiência industrial e tecnológica, com apoio da liderança global chinesa no setor naval.
O encontro entre Wang Guoqiang, diretor-geral da China State Shipbuilding Corporation (CSSC), e o ministro saudita de Investimentos, Khalid al-Falih, ocorreu em Xangai durante a Mesa Redonda da Cadeia de Suprimentos de Construção Naval Arábia Saudita-China, em 25 de agosto.
Complementaridade industrial e inovação tecnológica
Durante a reunião, as partes destacaram a “forte complementaridade” entre as capacidades industriais da China e as demandas estratégicas da Arábia Saudita. A parceria se concentrará em áreas como:
- Equipamentos para construção naval
- Desenvolvimento de talentos
- Inovação tecnológica
- Transformação digital
- Cadeia de suprimentos marítima
A expectativa é que a cooperação contribua para a construção de uma cadeia industrial local robusta, incluindo dessalinização, energia limpa, reparo de navios verdes, construção de cruzeiros e projetos offshore.
Além disso, a Arábia Saudita já figura como parceiro estratégico na Iniciativa do Cinturão e Rota da China, reforçando laços que vão além do setor naval e impactam diretamente o comércio e energia global.
EUA reagem com acordos bilionários no Pacífico
Enquanto China e Arábia Saudita avançam, os Estados Unidos também se movimentam agressivamente. Em uma estratégia para reerguer sua indústria naval, o governo norte-americano fechou dois acordos comerciais de grande porte com Japão e Coreia do Sul — os dois maiores construtores de navios do mundo depois da China.
Investimento recorde da Coreia e Japão
- Coreia do Sul: US$ 350 bilhões em investimentos, sendo US$ 150 bilhões voltados à construção naval dos EUA, em troca da redução de tarifas.
- Japão: pacote de US$ 550 bilhões para modernização e construção de estaleiros norte-americanos, viabilizado após a queda de tarifas de 25% para 15%.
Esses acordos fazem parte da estratégia do presidente norte-americano de restaurar a base industrial do país e criar empregos de alta qualificação.
No entanto, a corretora grega Intermodal alertou para os desafios estruturais enfrentados pelos EUA, como escassez de mão de obra nos estaleiros e os altos custos de construção, que ainda tornam os navios norte-americanos significativamente mais caros do que seus concorrentes asiáticos.
Competição global por protagonismo naval
Com os três maiores polos econômicos mundiais — China, EUA e Arábia Saudita — se movimentando de forma coordenada para dominar a cadeia global de construção naval, o setor entra em uma nova fase geopolítica.
A aliança sino-saudita prioriza tecnologia, eficiência e posicionamento estratégico no comércio global de energia e logística marítima. Já os EUA apostam em reconstruir sua indústria doméstica por meio de diplomacia econômica agressiva, tarifas e incentivos bilionários.
Resta saber qual modelo se consolidará como mais competitivo no longo prazo: o de integração global liderado pela China ou o de reindustrialização doméstica defendido pelos EUA.
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