O Banco do Brasil (BBAS3) atravessa um dos períodos mais voláteis dos últimos anos. A queda acumulada já supera 31% em 2025, puxada por três fatores centrais: inadimplência no agronegócio, impacto da nova regulação contábil e compressão de margens em meio a uma Selic elevada.

O próximo balanço, do 2º trimestre de 2025, previsto para 14 de agosto, será decisivo para o rumo da ação.

Os motivos por trás da queda

1) Inadimplência no agro

Com forte exposição ao setor, o banco sentiu o aumento de atrasos acima de 5% em operações com prazo de 30 dias, exigindo provisões mais robustas.

2) Impacto regulatório

A Resolução 4.966 mudou a forma de reconhecimento de receitas e perdas, pressionando resultados e reduzindo ganhos recorrentes.

3) Selic alta

Carteiras contratadas a juros baixos no passado convivem com captação mais cara hoje, reduzindo o spread e afetando o retorno.

Expectativas para o 2T25

O mercado está dividido. Estimativas de lucro variam de R$ 2,8 bilhões a R$ 5 bilhões. O consenso gira em torno de R$ 4,5 bilhões, com ROE projetado entre 10% e 12%.

Cenários possíveis para o lucro

CenárioLucro (R$ bi)ROE estimadoInterpretação
Fraco2,8 – 3,09%–10%Pressão extra na ação e cautela no mercado
Base3,5 – 4,510%–12%Estabilidade e avaliação de tendência do agro
Forte~5,011%–12%Alívio no curto prazo e recuperação parcial do preço

Dividendos: manter ou cortar?

O banco trabalha com payout de 40% a 45% em 2025. Caso o lucro fique abaixo das projeções mais otimistas, o montante destinado a dividendos e JCP deve encolher no curto prazo, podendo melhorar caso o cenário de inadimplência se estabilize.

Sentimento e preço

Com a cotação próxima a R$ 19, BBAS3 negocia a múltiplos considerados descontados por parte dos analistas. Porém, o risco político e o desempenho do agro ainda pesam na decisão de compra.

O que acompanhar no resultado

  • Formação de provisões e nível de cobertura

  • Evolução da inadimplência no agro

  • Margem financeira e custo de captação

  • Manutenção ou revisão do payout

  • Guidance para o 2º semestre

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Suzana Melo é economista formada pela PUC-SP e especialista em Finanças e Gestão Pública pela FGV. No O Petróleo, cobre temas como investimentos, petróleo e gás, macroeconomia e tributação sobre ativos financeiros. Suas análises unem rigor técnico e clareza, ajudando o leitor a compreender tendências e a tomar decisões seguras no mercado nacional e internacional.