Com o mundo avançando rapidamente em direção à tecnologia dos carros elétricos, o Brasil ainda registra um crescimento modesto na adoção desses veículos. Embora o país tenha alcançado um recorde de 49.245 registros de veículos elétricos (VEs) em 2022, este número representa apenas uma pequena fração dos quase 2 milhões de automóveis vendidos no ano. Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a participação de mercado dos VEs subiu de 1,8% em 2021 para 2,5% em 2022, com 126.504 unidades em circulação. No entanto, o número de veículos puramente elétricos (VEBs) continua baixo, com apenas 8.458 novos registros no último ano, demonstrando o lento avanço em comparação com países como China, Alemanha e Noruega.
Enquanto o mercado global de veículos elétricos experimenta um crescimento robusto, com a venda de 6,6 milhões de unidades em 2021, metade dessas vendas ocorreu na China. A Europa também se destaca, com países como Noruega e Islândia liderando a adoção, onde os VEs representaram 86% e 72% dos novos registros, respectivamente. Já nos Estados Unidos, 4,5% dos veículos vendidos em 2021 eram elétricos.
No Brasil, a realidade é bem diferente. De acordo com Adalberto Maluf, ex-presidente da ABVE, os veículos puramente elétricos representaram apenas 0,4% das vendas de veículos leves no país em 2022, enquanto na China e na Alemanha esse número chegou a 20%. Para Maluf, o país está “muito atrás dos grandes mercados mundiais” e precisa superar desafios, como a falta de infraestrutura de recarga e políticas governamentais de incentivo.
Além disso, especialistas, como o sociólogo Rodrigo Wolffenbüttel, destacam que o Brasil carece de uma política sólida para apoiar a transição para os veículos elétricos. Segundo ele, as montadoras que operam no país também adotam uma postura ambígua, focando seus esforços na eletrificação em mercados internacionais, onde há incentivos governamentais claros. A pesquisadora Flávia Consoni, da Unicamp, lembra que o Brasil quase implementou uma política para veículos elétricos em 2018, mas o plano foi abandonado sem explicações.
Enquanto outros países da América Latina, como Argentina, México e Colômbia, avançam com suas políticas de eletrificação automotiva, o Brasil ainda não decidiu se seguirá o caminho da eletrificação completa com VEBs ou se continuará apostando em modelos híbridos. O futuro do mercado brasileiro de veículos elétricos, portanto, permanece incerto, com muitos desafios pela frente.
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