quinta-feira, 21 novembro / 2024

A instabilidade nos preços do gás natural liquefeito (GNL) reacende o debate sobre sua eficácia como combustível de transição para uma matriz energética mais limpa. Uma recente análise do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA) indica que as tensões geopolíticas no Oriente Médio devem provocar um novo aumento nos preços globais do GNL, trazendo à tona preocupações especialmente para países importadores como a Índia.

A pesquisa destaca que, apesar de diversas variáveis influírem nos preços das commodities, a geopolítica tem sido um fator preponderante nas flutuações recentes. A análise mostrou que os preços do GNL apresentaram as oscilações mais acentuadas em comparação com outras commodities. Por exemplo, em outubro de 2023, o preço do GNL subiu 21% em um único mês, seguido por uma queda de 29% em dezembro do mesmo ano.

A autora do estudo, Purva Jain, especialista em energia e gás, observa que os preços do petróleo também experimentaram volatilidade, atingindo US$ 90 por barril em abril de 2024. A tendência de preços, no entanto, diminuiu durante o verão, apenas para aumentar novamente devido às crescentes tensões no Oriente Médio, atingindo US$ 81 por barril em outubro. As expectativas de preços futuros para o GNL já estão em US$ 13 por milhão de unidades térmicas britânicas (MMBtu), um valor alarmante que pode dobrar o custo do gás regulado na Índia, ultrapassando o limite considerado acessível para o país.

Diante desse cenário, Jain argumenta que a Índia deve reconsiderar sua estratégia de dependência do GNL, uma vez que essa volatilidade pode prejudicar sua segurança energética. Em vez de se apoiar cada vez mais no GNL, a especialista sugere uma diversificação das fontes de energia e um aumento na participação de energias renováveis na matriz energética indiana. Essa abordagem não apenas reduziria a vulnerabilidade a preços flutuantes, mas também alinharia o país com a crescente demanda global por soluções energéticas mais sustentáveis.

Além disso, o foco da Índia em inovações tecnológicas e sua ambição de liderar na produção e exportação de combustíveis mais ecológicos, como hidrogênio e amônia verde, pode ser um passo crucial na redução da dependência do gás, especialmente no setor de fertilizantes, onde há poucas alternativas.

Em resumo, à medida que o mundo se adapta a uma nova era energética, a incerteza nos preços do gás natural levanta questões sobre sua adequação como combustível de transição, especialmente para economias que dependem fortemente desse recurso. A busca por soluções energéticas mais diversificadas e sustentáveis é essencial para mitigar os riscos associados à volatilidade dos preços.

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Thailane Oliveira é advogada formada pela USP e possui mais de 12 anos de experiência em políticas públicas e legislação de trânsito. Seus artigos explicam de forma clara as mudanças nas leis que afetam motoristas, ciclistas e usuários de transporte público.