O fundo imobiliário URPR11 vive um momento delicado. Enfrentando uma grave necessidade de caixa para concluir diversas obras importantes, o fundo já considera realizar uma nova emissão de cotas abaixo do valor patrimonial—uma decisão que poderia ter sérias consequências para investidores atuais.

Recentemente, surgiram especulações sobre a possibilidade dessa “vaquinha” forçada, uma estratégia que, embora gere capital imediato, pode derrubar ainda mais o preço das cotas no mercado secundário. Atualmente, o URPR11 luta para equilibrar a necessidade de terminar suas obras com a manutenção das distribuições aos cotistas.

Principais desafios do fundo imobiliário URPR11

Obra Maravista: Fluxo positivo, mas futuro incerto

O empreendimento Maravista está em um ritmo positivo de vendas, com expectativa de retorno financeiro significativo após a conclusão da primeira fase, prevista para os próximos 60 dias. Aproximadamente R$ 5 milhões devem entrar no caixa, representando cerca de R$ 0,42 por cota.

Porém, o cenário não é tão simples: grande parte desse dinheiro pode precisar ser direcionada novamente para obras pendentes, limitando o aumento nas distribuições de curto prazo.

Mariana Maria: ritmo moderado e busca por financiamentos

Já o empreendimento Mariana Maria segue com ritmo moderado nas obras e vendas estáveis. A grande questão é a busca urgente por financiamentos externos para garantir a conclusão das obras, o que pode ser decisivo para o desempenho futuro do fundo.

Impactos diretos nas distribuições aos cotistas

O histórico recente do URPR11 não é animador. As distribuições mensais, que já vinham caindo, reduziram recentemente de R$ 0,82 para R$ 0,80 por cota—uma tendência negativa que pode se intensificar caso os recursos gerados pelas vendas sejam insuficientes para cobrir as necessidades imediatas de caixa.

A situação torna-se ainda mais crítica considerando o histórico da última tentativa fracassada de emissão do fundo. Em outubro de 2022, o URPR11 tentou captar recursos em condições consideradas ruins pelos investidores, o que resultou em baixíssima adesão e nenhum dinheiro captado. Desde então, a crise só se agravou.

Empreendimentos menores: aportes tímidos e desafios contínuos

Os empreendimentos Nova Souza e Paulo Afonso receberam aportes menores, em torno de R$ 2 milhões. Já Terras Altas ainda aguarda conclusão da fase inicial para iniciar obras, enquanto outros ativos menores estão com andamento lento devido à falta de caixa disponível.

Obras em alerta máximo

O fundo tem várias operações críticas em seu portfólio. Destaque para:

  • Residencial Olimpo: execução das garantias já em fase final;
  • Cristal Residence: também em processo avançado de execução de garantias;
  • Residente Clube: maior operação do fundo (13% do portfólio) precisa urgentemente de financiamento externo para concluir obras em Fortaleza;
  • Ilha do Sol: andamento positivo, mas ainda dependente de novos aportes.

Riscos adicionais: elevada exposição e margens reduzidas

O URPR11 também apresenta riscos expressivos devido à alta exposição em operações com Loan-to-Value (LTV) superior a 75%, considerada baixa margem de segurança. Cerca de 58% das operações do fundo estão nessa faixa, aumentando o risco em cenários de inadimplência ou atrasos.

Além disso, a predominância de operações atreladas ao IPCA (84% do portfólio) expõe o fundo à volatilidade econômica e à inflação, que pode afetar significativamente os resultados financeiros mensais.

Perspectivas futuras para o URPR11

Para investidores, o cenário exige cautela. Enquanto alguns empreendimentos mostram sinais tímidos de recuperação, a situação geral ainda inspira cuidados. O fundo precisará equilibrar rapidamente a entrada de novos recursos, seja por vendas ou por financiamentos externos, com a necessidade urgente de concluir obras pendentes.

Caso contrário, uma nova emissão abaixo do valor patrimonial pode se tornar inevitável, potencialmente pressionando ainda mais as cotações e criando um círculo vicioso de desvalorização.

Acompanhe de perto o desenvolvimento dessa situação, pois decisões importantes sobre a gestão financeira e estratégica do URPR11 podem ser anunciadas em breve.

Deixe o Seu Comentário

Quer saber tudo
o que está acontecendo?

Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.

ENTRAR NO GRUPO

Compartilhar.

Mariovaldo Azevedo é formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e possui especialização em Gestão Bancária e Crédito pela FIA Business School. Com mais de 20 anos de atuação no setor bancário, Mariovaldo acumulou vasta experiência em linhas de crédito, financiamento e operações bancárias. Como colunista do O Petróleo, ele compartilha conhecimentos práticos e informações valiosas sobre produtos financeiros e serviços bancários, ajudando leitores a tomarem decisões informadas.

O conteúdo do O PETRÓLEO é destinado exclusivamente à informação e educação sobre o mercado financeiro. Não oferecemos recomendações de investimento. As informações aqui apresentadas são provenientes de fontes públicas e não devem ser consideradas como base para decisões de compra ou venda de ativos. O investidor é o único responsável por suas escolhas