Em um cenário onde a Selic permanece elevada e opções mais lucrativas surgem no mercado, muitos investidores se questionam: vale mesmo manter o Tesouro IPCA+ 2029 na carteira? A resposta pode surpreender quem ainda vê esse título como uma das melhores formas de garantir proteção contra a inflação.

Neste artigo, analisamos os principais motivos pelos quais o IPCA+ 2029 perdeu atratividade, com base em comparações práticas com alternativas como LCIs isentas de IR com rentabilidade próxima. Entenda se ainda faz sentido carregar esse papel até o vencimento ou se é hora de mudar de estratégia.

O que é o Tesouro IPCA+ 2029?

O Tesouro IPCA+ 2029 é um título público que paga uma taxa fixa mais a variação da inflação (IPCA). Ele é considerado um dos investimentos mais seguros do mercado, com garantia do Tesouro Nacional. No momento da análise, oferece uma taxa de IPCA + 7,55% ao ano, com vencimento em maio de 2029.

Por que esse título sempre foi atrativo?

  • Alta segurança, com risco soberano;

  • Proteção contra inflação, por ser atrelado ao IPCA;

  • Possibilidade de ganhos com marcação a mercado, se vendido antes do vencimento;

  • Ideal para médio e longo prazo, em estratégias de acúmulo patrimonial.

Por que o Tesouro IPCA+ 2029 deixou de ser vantajoso?

Apesar de sua atratividade no passado, hoje o IPCA+ 2029 não oferece diferenciais competitivos suficientes quando comparado a produtos similares de renda fixa privada. Os principais motivos:

1. Vencimento curto e menor potencial de marcação a mercado

Com pouco menos de 4 anos até o vencimento, esse título não apresenta mais grande potencial de valorização via marcação a mercado. Quanto mais próximo da data de vencimento, menor a volatilidade de preço, reduzindo as oportunidades de ganho antecipado.

2. Ganhos limitados se levado até o vencimento

A simulação com investimento de R$ 10.000 revela que o retorno líquido estimado seria de R$ 15.049,30, o que representa uma rentabilidade líquida anual de 11,06%. Embora não seja ruim, existem alternativas melhores, como veremos a seguir.

LCI IPCA+ 7,1%: uma alternativa mais atrativa

Investidores mais atentos já observam no mercado LCIs e LCAs com vencimento semelhante ao do IPCA+ 2029, com taxas quase equivalentes, como o exemplo da LCA do Banco ABC Brasil com IPCA+7,1% ao ano e vencimento em junho de 2028.

Principais vantagens da LCI:

  • Isenção de imposto de renda (grande diferencial em relação ao Tesouro);

  • Rentabilidade semelhante (IPCA+7,1%);

  • Vencimento próximo ao do IPCA+ 2029;

  • Garantia do FGC (até R$ 250 mil por CPF e instituição).

Simulação prática:

  • Valor investido: R$ 10.000

  • Resultado líquido estimado: R$ 14.194,73

  • Mesmo prazo aproximado, com isenção de IR e rentabilidade superior ao final.

E a segurança, como comparar?

Embora o Tesouro Direto ofereça garantia da União, o investimento em LCIs conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Para muitos investidores, o nível de segurança da LCI é suficiente e aceitável, principalmente quando a instituição emissora é sólida e conhecida.

E se o objetivo for o longo prazo?

Se você deseja travar taxas atrativas por 10, 15 ou até 20 anos, o Tesouro Direto volta a ser interessante — mas com títulos mais longos, como:

  • Tesouro IPCA+ 2040 ou 2055

  • Tesouro Prefixado 2032

Nesses casos, o tempo trabalha a favor do investidor via juros compostos, além de haver maior potencial de valorização pela marcação a mercado.

Tesouro IPCA+ 2029 já não faz sentido?

Sim. Para prazos curtos como até 2029, existem hoje opções mais eficientes e rentáveis do que o Tesouro IPCA+. LCIs com vencimento semelhante e isenção de IR oferecem retornos líquidos superiores e ainda mantêm o perfil conservador.

Quando ainda pode valer a pena?

  • Para quem já possui o título e prefere não mudar de estratégia;

  • Para quem não quer correr riscos com instituições privadas, mesmo com FGC;

  • Para compor uma carteira diversificada e equilibrada.

Se você busca maior eficiência na sua carteira de renda fixa, o ideal é avaliar seus objetivos de prazo e liquidez. Para investimentos de curto a médio prazo, LCIs isentas têm levado vantagem. Já para objetivos de longo prazo, os títulos do Tesouro Direto mais longos ainda são imbatíveis.

Deixe o Seu Comentário

Quer saber tudo
o que está acontecendo?

Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.

ENTRAR NO GRUPO

Compartilhar.

Fabiola Cunha é especialista em finanças e investimentos, com certificações pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e MBA em Gestão de Investimentos pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira de mais de 12 anos no mercado financeiro, ela se destaca por sua habilidade em planejar estratégias de investimentos pessoais e empresariais. No O Petróleo, Fabiola escreve sobre oportunidades de investimento, dicas de finanças pessoais e tendências do mercado de capitais.