Ao iniciar no mundo dos investimentos, é comum se deparar com uma sopa de letrinhas que mais confunde do que esclarece: CDB, CDI, IPCA, CRI, CRA, Selic e tantas outras. Mas, apesar do impacto inicial, essas siglas representam conceitos simples e fundamentais para quem deseja investir em renda fixa com segurança e rentabilidade.

Neste guia, vamos explicar de forma didática o que significa cada uma dessas siglas e como elas se aplicam na prática.

O que é CDB? Você empresta dinheiro para o banco

O CDB, ou Certificado de Depósito Bancário, é uma das aplicações mais populares do mercado financeiro. Nesse tipo de investimento, o investidor empresta dinheiro para o banco, que por sua vez utiliza esses recursos para conceder empréstimos a terceiros com juros mais altos.

A remuneração do CDB pode ser:

  • Pré-fixada: taxa definida no momento da aplicação.

  • Pós-fixada: rendimento atrelado a um indicador, como o CDI.

  • Atrelada à inflação: usualmente vinculada ao IPCA.

Quanto maior o prazo e a falta de liquidez, maior tende a ser a rentabilidade oferecida. Mas atenção: rendimentos excessivamente altos podem indicar maior risco de crédito da instituição.

O que é CDI? A referência do rendimento em renda fixa

CDI significa Certificado de Depósito Interbancário. Ao contrário do CDB, não é um investimento, mas sim uma taxa que serve de referência para grande parte das aplicações de renda fixa.

Os bancos emprestam dinheiro entre si diariamente para manter o equilíbrio das reservas exigidas pelo Banco Central, e o juro cobrado nesses empréstimos forma a taxa CDI.

Hoje, é comum ver CDBs oferecendo rendimentos como “100% do CDI”, ou seja, acompanhando essa taxa de referência.

A importância da Selic: a mãe de todas as taxas

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, mas na prática representa a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Quando a inflação sobe, o Banco Central eleva a Selic para conter o consumo e equilibrar os preços. Já quando há necessidade de estimular a economia, a Selic é reduzida.

A Selic influencia diretamente o CDI, que por sua vez afeta os rendimentos dos CDBs, Tesouro Direto e diversos produtos de renda fixa.

Tesouro Selic: um investimento público seguro

O Tesouro Selic é um dos investimentos mais indicados para quem busca segurança e liquidez, já que pode ser resgatado a qualquer momento. Trata-se de um título público que rende conforme a variação da taxa Selic, acrescida de uma pequena taxa fixa.

Disponível no Tesouro Direto, o Tesouro Selic é considerado o investimento mais seguro do país, pois conta com a garantia do Tesouro Nacional.

LCI e LCA: alternativas isentas de IR

LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são aplicações em que o investidor também empresta dinheiro para bancos, mas com uma finalidade específica: financiar o setor imobiliário ou o agronegócio.

O grande atrativo desses produtos é a isenção de Imposto de Renda, o que pode torná-los mais rentáveis que CDBs em prazos mais curtos.

Entretanto, como compensação, a rentabilidade nominal costuma ser um pouco inferior à dos CDBs.

FGC: o seguro da renda fixa bancária

CDB, LCI e LCA contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF, por instituição, com um limite global de R$ 1 milhão a cada quatro anos.

Essa garantia oferece mais segurança ao investidor, mas é sempre importante diversificar os investimentos entre diferentes bancos.

O que é uma LC (Letra de Câmbio)?

Apesar do nome, LC não tem relação com câmbio de moedas. Trata-se de um título emitido por financeiras — empresas que atuam de forma semelhante aos bancos, mas com foco exclusivo em crédito.

Por serem mais arriscadas, as financeiras costumam oferecer taxas de retorno mais atrativas em suas LCs. Assim como CDBs, esses títulos têm incidência de Imposto de Renda e são protegidos pelo FGC.

CRI e CRA: investimentos com risco maior e isenção de IR

CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) são títulos emitidos por securitizadoras e vinculados a dívidas de empresas do setor imobiliário ou agrícola.

Diferente das LCIs e LCAs, nesses produtos o investidor compra diretamente um pedaço da dívida da empresa, sem intermediários bancários.

Os principais pontos a considerar:

  • Isenção de IR: assim como LCI e LCA.

  • Risco: maior, pois não há cobertura do FGC.

  • Liquidez: geralmente, baixa. Saídas antecipadas podem acarretar perdas financeiras.

Debêntures: financiando diretamente as empresas

As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado. Existem dois tipos:

  • Debêntures comuns: tributadas pelo Imposto de Renda.

  • Debêntures incentivadas: isentas de IR, geralmente emitidas por empresas que atuam em setores que o governo quer estimular, como infraestrutura.

Por não contar com a proteção do FGC, as debêntures também possuem risco maior e prazos normalmente longos.

Como escolher o melhor investimento em renda fixa?

Antes de investir, é essencial analisar:

  • Prazo: você pode esperar até o vencimento?

  • Liquidez: precisa ter acesso ao dinheiro antes?

  • Rentabilidade: está buscando segurança ou retorno mais elevado?

  • Risco: está disposto a correr mais risco em troca de rentabilidades superiores?

Além disso, diversificar entre produtos e emissores é sempre uma boa estratégia.

Deixe o Seu Comentário

Quer saber tudo
o que está acontecendo?

Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.

ENTRAR NO GRUPO

Compartilhar.

André Carvalho é jornalista formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 15 anos de experiência no mercado editorial, André é reconhecido por sua expertise em economia, finanças e políticas públicas. Sua trajetória inclui colaborações com veículos de grande relevância, onde desenvolveu análises estratégicas e conteúdos voltados para investimentos, benefícios sociais e gestão financeira.