A busca pela independência financeira passa, inevitavelmente, pelo entendimento dos juros compostos. E entre tantas fórmulas e simulações possíveis, uma regra matemática criada há mais de 500 anos continua surpreendentemente útil: a Regra dos 72.

Ela responde a uma pergunta crucial de forma rápida e eficiente: em quanto tempo meu dinheiro vai dobrar? A seguir, você entenderá como essa fórmula funciona e verá exemplos reais com diferentes tipos de investimento.

O que é a regra dos 72?

Criada por Luca Pacioli, matemático renascentista e pai da contabilidade moderna, a Regra dos 72 é uma simplificação de uma fórmula logarítmica usada para estimar o tempo necessário para dobrar um capital a uma taxa de juros fixa.

Como aplicar:

Basta dividir 72 pela taxa anual de retorno do investimento.

Exemplo:
Se você investe em algo que rende 10% ao ano, 72 ÷ 10 = 7,2 anos para dobrar o capital.

Por que a regra é poderosa?

Apesar de ser uma aproximação, ela é bastante precisa para taxas de retorno entre 6% e 12% ao ano. Além disso, é simples o bastante para ser feita de cabeça — facilitando decisões rápidas sem depender de calculadoras financeiras.

Exemplos reais: em quanto tempo os investimentos dobram?

A seguir, aplicamos a Regra dos 72 usando o retorno médio de diferentes ativos nos últimos 10 anos, com dados atualizados até 2024:

Tesouro Direto

Tesouro Selic

  • Rentabilidade média (2015–2024): 9,42% ao ano

  • Tempo estimado para dobrar: 7,64 anos

Tesouro Prefixado 2032 (taxa atual de 13,83%)

  • Tempo para dobrar: 5,02 anos

  • Valor simulado: R$ 10 mil hoje viram R$ 24,4 mil até 2032

Tesouro IPCA+ 2040 e 2050 (taxa fixa entre 3,5% e 5,5%)

  • Tempo para dobrar (apenas taxa fixa): ~10,3 anos

  • Dobro em termos reais: sim, e bem mais em termos nominais devido à inflação

Importante: títulos públicos de longo prazo ainda permitem ganhos antecipados com a marcação a mercado, ou seja, a valorização do título conforme a queda dos juros no país.

Ações (Ibovespa)

  • Rentabilidade média (últimos 10 anos): 9,5% ao ano

  • Tempo para dobrar: 7,57 anos

Apesar das críticas à composição do Ibovespa, poucos fundos e investidores individuais superam seu retorno no longo prazo.

Fundos imobiliários (IFIX)

  • Rentabilidade média: 8,74% ao ano

  • Tempo para dobrar: 8,23 anos

Boa alternativa para renda passiva, com retornos consistentes e riscos moderados — mas sujeitos a variações do ciclo econômico.

Investimentos no exterior (S&P 500 em reais)

  • Rentabilidade média: 21,99% ao ano (considerando valorização cambial)

  • Tempo para dobrar: 3,27 anos

Investir em mercados mais tecnológicos e estáveis pode acelerar significativamente o crescimento do patrimônio — com proteção cambial adicional.

Bitcoin

  • Rentabilidade média (últimos 10 anos): 91,3% ao ano

  • Tempo estimado para dobrar: ~13 meses

A criptomoeda é extremamente volátil, mas quem suportou as oscilações foi amplamente recompensado. Pela regra, o capital dobraria em menos de um ano — embora esse número não reflita a realidade futura.

Poupança: o pior exemplo

  • Rentabilidade média: 6% ao ano (com Selic alta)

  • Tempo para dobrar: 12 anos

  • Considerando a inflação: o dinheiro praticamente estagna em termos reais

Apesar de sua popularidade, a poupança destrói valor ao longo do tempo quando comparada a alternativas mais rentáveis e igualmente seguras, como o Tesouro Selic.

O poder do tempo: Heitor x Aquiles

Um exemplo comparativo mostra como o tempo é mais importante do que o valor investido.

  • Heitor: investiu R$ 300 por mês durante 30 anos a 10% ao ano → acumulou R$ 619 mil

  • Aquiles: investiu R$ 500 por mês durante 20 anos a 10% ao ano → acumulou R$ 359 mil

Conclusão: começar cedo é mais poderoso do que investir mais tarde com aportes maiores.

E o futuro?

Como o vídeo destaca, retornos passados não garantem retornos futuros. No entanto, o conhecimento sobre o tempo necessário para dobrar o patrimônio ajuda a tomar decisões mais conscientes — e evita erros como investir apenas em ativos com rentabilidade ilusória.

A diversificação (Tesouro, ações, fundos, criptos e investimentos globais) continua sendo a principal estratégia para lidar com incertezas econômicas e aproveitar diferentes ciclos de crescimento.

Use a regra dos 72 com inteligência

A Regra dos 72 é uma ferramenta útil para estimar resultados e comparar investimentos. Mas o verdadeiro segredo está em:

  • Investir com constância

  • Começar cedo

  • Diversificar a carteira

  • Reinvestir os ganhos

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Fabiola Cunha é especialista em finanças e investimentos, com certificações pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e MBA em Gestão de Investimentos pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira de mais de 12 anos no mercado financeiro, ela se destaca por sua habilidade em planejar estratégias de investimentos pessoais e empresariais. No O Petróleo, Fabiola escreve sobre oportunidades de investimento, dicas de finanças pessoais e tendências do mercado de capitais.