A Raízen (RAIZ4), gigante do setor sucroenergético, enfrenta uma turbulência no mercado financeiro. Com uma queda acumulada de 72% nas ações, a empresa viu a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, reduzir significativamente sua participação acionária. Em comunicado recente ao mercado, a Raízen informou que a BlackRock vendeu cerca de 52 milhões de ações preferenciais, além de outros 2,7 milhões em instrumentos derivativos, diminuindo sua fatia de mais de 5% para 3,83%.

Oscilações atípicas e alerta da CVM

O movimento da BlackRock coincide com uma série de oscilações atípicas nos papéis da companhia. Entre os dias 8 e 21 de maio, as ações chegaram a subir mais de 6% em um único pregão e despencar quase 4,5% em outro, levantando suspeitas que motivaram a CVM a solicitar esclarecimentos. A empresa negou qualquer informação relevante não divulgada e reafirmou seu compromisso com a transparência.

Dívida crescente e queima de caixa preocupam

Apesar de ter uma receita anual próxima de R$ 255 bilhões, a Raízen enfrenta desafios graves em sua saúde financeira. O lucro líquido, que chegou a R$ 2 bilhões em 2023, se transformou em prejuízo nos anos seguintes. A dívida total saltou de R$ 41 bilhões para R$ 69 bilhões, e o fluxo de caixa livre reverteu de positivo para negativo em mais de R$ 5 bilhões. A alavancagem da empresa já ultrapassa 3,2 vezes o EBITDA, indicando um grau de risco elevado.

Valuation e possível recuperação

Analistas do Invest Pro projetam um preço justo de R$ 2,30 para as ações RAIZ4, o que representa um potencial de valorização de 17% sobre a cotação atual de R$ 1,98. No entanto, a incerteza sobre os fundamentos e o elevado endividamento tornam esse cenário dependente de uma efetiva execução do plano de desalavancagem da empresa.

Comparativo com concorrentes

Em comparação com outras empresas do setor, como São Martinho (SMTO3) e Jalles Machado (JALL3), a Raízen se mostra menos atrativa. A São Martinho, por exemplo, apresenta melhor retorno sobre o patrimônio, dividendos consistentes e menor risco, sendo classificada como uma “pechincha” pelo modelo de valuation.

Deixe o Seu Comentário

Quer saber tudo
o que está acontecendo?

Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.

ENTRAR NO GRUPO

Compartilhar.

Eliomar Menezes é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Planejamento Econômico e Finanças Corporativas. Com mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, atua como analista econômico e consultor em estratégias de mercado. Sua expertise inclui macroeconomia, análise de investimentos e projeções de mercado. No O Petróleo, Eliomar oferece análises aprofundadas e orientações práticas sobre as tendências econômicas, fortalecendo a base de conhecimento dos leitores.