Enquanto muitos investidores mantêm posições em empresas consolidadas como Porto Seguro (PSSA3), BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3), uma decisão recente chamou a atenção: a venda estratégica de ações da Porto para abrir espaço a uma nova aposta, mais descontada e com maior potencial de retorno em dividendos.

Oscilações de lucro e comportamento das cotações

Ao analisar o histórico de desempenho das seguradoras listadas na B3, fica evidente como o lucro líquido impacta diretamente o comportamento das ações:

  • BB Seguridade: sofreu queda brusca durante a pandemia, com forte recuperação nos anos seguintes. Em 2024, apresentou nova desaceleração, em meio a um cenário mais pressionado no agronegócio.

  • Porto Seguro: apesar de ter enfrentado a pandemia com sinistralidade reduzida — o que beneficiou momentaneamente seus resultados —, depois viu margens comprimidas com o retorno à normalidade e enfrentou dificuldades no repasse de preços. Essa queda nos lucros puxou a cotação para baixo, embora a recuperação tenha vindo de forma relativamente rápida.

  • Caixa Seguridade: passou por IPO durante um momento conturbado, mas desde então apresenta crescimento contínuo. Mesmo impactada nos primeiros trimestres, tornou-se um case de previsibilidade, com lucros ascendentes e dividendos consistentes.

Quando vender uma ação que ainda é boa?

A decisão de vender Porto Seguro não se baseou em uma deterioração grave dos fundamentos. Pelo contrário, a ação apresentou uma valorização expressiva — mais de 160% considerando o preço médio e os proventos acumulados. A motivação foi estratégica: realocação de capital para uma nova oportunidade, mais barata e com potencial de crescimento superior.

Além disso, tratava-se de uma posição pequena na carteira. Isso diminui o impacto da venda no portfólio e amplia a margem para buscar maior rentabilidade com ativos mais promissores.

A importância do momento certo e da alocação

A escolha do timing foi decisiva. O investidor não apenas vendeu as ações no mercado, mas utilizou opções como forma de extrair valor adicional. Comprometendo-se a vender acima de R$ 49,25, ele ainda recebeu prêmios que elevaram o valor final da venda para cerca de R$ 51 por ação — uma estratégia que aumentou o retorno total da operação.

Além disso, a decisão foi pensada de forma conjunta com outras posições. O capital foi redirecionado para uma nova ação com melhor relação risco-retorno e possibilidade de operações com opções, característica importante para a estratégia de renda extra com derivativos.

Nova aposta: dividendos em setor inexplorado

A nova ação, ainda não revelada publicamente, pertence a um setor com alta resiliência, bons dividendos e perspectiva de valorização. Apesar de ser inédito na carteira em 17 anos de Bolsa, o setor já era conhecido do investidor por sua atuação profissional em tecnologia, o que facilitou a análise e aumentou a confiança na tese.

Além disso, a escolha competiu com outras ações promissoras, como Irani (RANI3), e acabou vencendo pela melhor liquidez, possibilidade de operar opções e nível de desconto frente ao valor justo.

Rumo (RAIL3) e o impacto dos dividendos de R$ 1,5 bilhão

Outra empresa que entrou no radar recentemente foi a Rumo, controlada pela Cosan (CSAN3), que anunciou dividendos de R$ 1,5 bilhão, com data-com em 16 de junho, o que representa R$ 0,81 por ação. Parte do mercado vê esse pagamento como uma necessidade da Cosan para desalavancar, já que será beneficiada diretamente com R$ 455 milhões da distribuição.

Apesar da polêmica, há justificativa operacional: o resultado negativo apresentado foi influenciado por eventos não recorrentes. Na prática, a empresa ainda gera lucro, e vem registrando uma CAGR de 27% no EBITDA nos últimos anos. O setor de infraestrutura, especialmente com foco no agro e na exportação via ferrovias, continua sendo central na tese de crescimento da companhia.

Contudo, as incertezas sobre as concessões ferroviárias, especialmente a malha Sul (afetada por tragédias recentes), geram cautela. A malha Norte, por outro lado, segue renovada e saudável — sendo a principal geradora de receita da companhia.

Estratégia, contexto e independência

Mais do que seguir a decisão de um investidor específico, o caso ressalta a importância de analisar o tamanho da posição na carteira, os objetivos individuais e o cenário macro de cada empresa.

O exemplo mostra que vender um ativo lucrativo pode ser inteligente, desde que haja uma alocação planejada para um novo ativo com maior potencial de valorização ou geração de caixa.

Para quem busca crescimento patrimonial com dividendos, a lição é clara: preço importa, mas contexto e estratégia fazem toda a diferença.

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André Carvalho é jornalista formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 15 anos de experiência no mercado editorial, André é reconhecido por sua expertise em economia, finanças e políticas públicas. Sua trajetória inclui colaborações com veículos de grande relevância, onde desenvolveu análises estratégicas e conteúdos voltados para investimentos, benefícios sociais e gestão financeira.