quinta-feira, 21 novembro / 2024

O preço do gás no Brasil é um tema que gera muitas dúvidas e discussões. O valor final que chega ao consumidor é resultado de um longo e caro processo, que envolve desde a extração em águas profundas até a distribuição. A falta de transparência sobre os custos de escoamento e o papel monopolista da Petrobras no setor são apontados como fatores principais que elevam os preços.

Especialistas explicam que o gás brasileiro, em sua maioria, é associado ao petróleo, ou seja, ele é extraído junto ao óleo. No entanto, a falta de infraestrutura adequada para transportar esse gás faz com que grande parte dele seja reinjetada nos poços, o que, em casos extremos, pode até comprometer a produção de petróleo. Essa situação paradoxal ocorre porque, sem uma forma eficiente de escoar o gás, as empresas ficam limitadas na quantidade que podem reinjetar, colocando em risco a produtividade dos campos de petróleo.

Outro ponto destacado é o custo elevado do transporte. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, o gás natural é significativamente mais barato, devido à infraestrutura robusta e ao fato de a maior parte do gás ser extraído em terra firme (onshore), no Brasil, a situação é oposta. A extração ocorre em alto mar (offshore), o que encarece ainda mais o processo.

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) tem se manifestado sobre o tema, defendendo a necessidade de aumentar a oferta de gás no país para reduzir os preços. Entretanto, também alerta sobre a importância de respeitar os contratos já estabelecidos, evitando rupturas que possam gerar insegurança jurídica.

Recentemente, o governo brasileiro publicou um decreto com o objetivo de aumentar a oferta de gás no mercado interno, incentivando novos investimentos em infraestrutura. No entanto, especialistas avaliam que a efetividade dessa medida dependerá de sua regulamentação e da cooperação entre governo, Petrobras e outras empresas do setor.

O grande desafio do Brasil é viabilizar o transporte do gás do mar para o continente de forma mais barata, além de ampliar a infraestrutura de distribuição. Somente assim será possível reduzir os custos e, consequentemente, o preço do gás para os consumidores.

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Thailane Oliveira é advogada formada pela USP e possui mais de 12 anos de experiência em políticas públicas e legislação de trânsito. Seus artigos explicam de forma clara as mudanças nas leis que afetam motoristas, ciclistas e usuários de transporte público.