quinta-feira, 21 novembro / 2024

A OPEP, entidade responsável por regular a produção de petróleo, anunciou uma revisão contínua para baixo de suas previsões de demanda nos últimos três meses, um movimento que se torna cada vez mais habitual. Recentemente, mesmo a crescente crise no Oriente Médio não conseguiu elevar os preços do petróleo bruto do Texas, que permanecem abaixo de US$ 70 por barril. O preço do petróleo Brent, por sua vez, se estabilizou na faixa inferior de US$ 70 a US$ 80, insuficiente para sustentar a economia dos principais países produtores.

As previsões sombrias da Agência Internacional de Energia (AIE) aprofundaram as preocupações ao apontar uma queda acentuada na demanda global por petróleo, que deve recuar de 100 milhões de barris por dia (b/d) atualmente para 93 milhões em 2030, e 54 milhões em 2050, de acordo com o cenário mais provável. Essa previsão, que alguns consideram otimista, reflete a rápida evolução das tecnologias limpas.

A OPEP, por outro lado, mantém uma visão contrária. Seu relatório recente projeta um aumento da demanda de petróleo para 120 milhões de b/d até 2050, desconsiderando o impacto dos acordos climáticos e a crescente adoção de energias renováveis em regiões como a Europa e a Ásia.

O dilema estratégico da China, que depende fortemente das importações de petróleo via Estreito de Malaca, também levanta questões sobre a segurança de seu abastecimento energético. O país tenta diversificar suas rotas de importação, mas os esforços têm avançado lentamente. Em resposta, a China intensificou seus investimentos em energia renovável, prevendo que atingirá uma capacidade instalada de 1.200 gigawatts de energia solar e eólica este ano, seis anos antes do previsto. Em 2023, a China representou 60% da nova capacidade solar global.

No mercado automotivo, as vendas de veículos elétricos (VEs) na China estão em ascensão, atingindo quase 1,2 milhão de unidades em setembro, um aumento de 42% em relação ao ano anterior. Para incentivar essa transição, o governo chinês lançou um programa de incentivos financeiros para a troca de veículos a combustão por elétricos.

Além disso, o custo das baterias de íons de lítio caiu drasticamente, tornando os veículos elétricos cada vez mais acessíveis. A AIE observa que as vendas globais de EVs e híbridos plug-in estão em crescimento acelerado, com um aumento de 25% em 2024. As exportações de veículos elétricos da China também estão se expandindo para outros mercados, incluindo a América Latina e o Sudeste Asiático.

Embora exista uma percepção de que a América e a Europa possam recuar nas políticas de energia verde, dados apontam que o Sul Global está começando a liderar a transição energética. Com 70% do potencial renovável mundial, essas regiões estão se posicionando economicamente para um futuro mais sustentável.

A transição para a energia limpa não é apenas uma tendência; é uma realidade que se consolida rapidamente, como a história do automóvel no início do século 20. Assim como o modelo T da Ford revolucionou a mobilidade, a evolução das tecnologias de armazenamento de energia e a ampliação da infraestrutura de carregamento podem levar a uma nova era de transporte sustentável, desafiando as premissas da OPEP sobre a demanda por petróleo nas próximas décadas.

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Thailane Oliveira é advogada formada pela USP e possui mais de 12 anos de experiência em políticas públicas e legislação de trânsito. Seus artigos explicam de forma clara as mudanças nas leis que afetam motoristas, ciclistas e usuários de transporte público.