Depois de romper 140 mil pontos, o Ibovespa chega a junho de 2025 embalado por três motores:

  1. Fluxo estrangeiro recorde, atraído pelo desconto relativo do Brasil frente a outros emergentes;

  2. Selic no pico (14,75 %), prestes a iniciar ciclo de cortes — gatilho para ativos de risco;

  3. Rotação global de capital em meio à incerteza nos EUA e à trégua parcial na guerra comercial.

Ao mesmo tempo, a elevação do IOF reacendeu o debate fiscal, enquanto a “super-quarta” deste mês (Fed + Copom) deve selar o fim do aperto monetário e balizar expectativas de câmbio, juros e Bolsa.

Ações brasileiras: foco em economia doméstica e sensibilidade a juros

COSAN (CSAN3) lidera o “ataque”

  • Portfólio robusto (Raízen, Rumo, Compass) e potencial venda de ativos → redução de alavancagem;

  • Beneficiária direta da queda futura da Selic, que alivia despesa financeira.

Grupo SBF (SBFG3): varejo ainda barato

  • Ficou para trás no rali de maio; negocia a 7 × lucro projetado;

  • Melhora operacional prevista a partir do 2º tri pode destravar valor antes do resultado de agosto.

Setor defensivo com menor peso

Exportadoras como Suzano e elétricas como Equatorial foram parcialmente reduzidas na carteira para dar espaço a cases mais ligados ao ciclo doméstico.

Dividendos: renda passiva com desconto

SLC Agrícola (SLCE3)

  • Produtividade de soja subindo > 20 % após ano difícil;

  • Yield projetado de 5-6 % em 2025, com upside maior quando grãos reagirem.

Gerdau (GGBR4)

  • Metade do EBITDA vem dos EUA — beneficiada por protecionismo local;

  • Negocia a < 4 × EV/EBITDA, mantendo payout robusto mesmo em cenário siderúrgico desafiador.

FIIs: caçadores de barganhas no segmento multiestratégia

RBRF11 (RBR Alpha)

  • Desconto de ≈ 17 % sobre o valor patrimonial — acima da média histórica;

  • Mandato flexível (cotas de FII, CRIs e ativos diretos) deve capturar a reprecificação pós-Selic.

Recompra de cotas: novo gatilho setorial

Com a CVM liberando buybacks, fundos com caixa terão mais uma ferramenta para aumentar o rendimento por cota nos momentos de estresse.

Criptomoedas: Bitcoin firme, stablecoins no radar

  • Bitcoin renovou máximas históricas perto de US$ 112 mil após trégua tarifária e captação líquida recorde nos ETFs.

  • Ethereum ganha tração após compra bilionária pela ConsenSys, sinalizando nova narrativa.

  • A “Genus Act”, que regulamenta stablecoins nos EUA, pode impulsionar projetos ligados a infra de tokenização e pagamentos.

Como montar sua carteira para junho

ClassePeso sugerido*Principais escolhasRacional
Ações BR40 %COSAN, Grupo SBF, varejo e consumo domésticoAlta sensibilidade à queda dos juros e entrada de capital gringo
Dividendos20 %SLC Agrícola, GerdauValuation barato + fluxo de caixa resiliente
FIIs20 %RBRF11, fundos de shoppings e logísticosDescontos elevados e buyback autorizados
Exterior10 %Baidu, Berkshire, UnitedHealthDiversificação frente à incerteza fiscal dos EUA
Criptomoedas10 %Bitcoin, Ethereum, projetos de stablecoinsDemanda institucional e avanço regulatório

*Exemplo ilustrativo; ajuste conforme perfil de risco.

A pergunta “onde investir em junho de 2025” ganha novas camadas de resposta: enquanto a Selic aponta para baixo, a Bolsa ainda oferece múltiplos atraentes; FIIs multiestratégia surgem como oportunidade de renda; e o mercado cripto mostra força mesmo sob volatilidade global.

Diversificar entre ações sensíveis a juros, págadoras de dividendos, FIIs descontados e criptoativos com tese clara é o caminho para capturar o melhor deste ciclo que pode estar apenas começando — antes que os cortes de juros tornem o desconto uma lembrança.

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Eliomar Menezes é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Planejamento Econômico e Finanças Corporativas. Com mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, atua como analista econômico e consultor em estratégias de mercado. Sua expertise inclui macroeconomia, análise de investimentos e projeções de mercado. No O Petróleo, Eliomar oferece análises aprofundadas e orientações práticas sobre as tendências econômicas, fortalecendo a base de conhecimento dos leitores.