O mercado financeiro global amanheceu em queda nesta terça-feira (17), refletindo o agravamento do conflito entre Irã e Israel. A tensão geopolítica, somada à expectativa pelas decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, tem gerado forte aversão ao risco nos mercados internacionais.
O Ibovespa recua para 113.431 pontos, acompanhando o movimento de Wall Street e das bolsas europeias, que operam no negativo. O S&P 500 registra queda próxima de 1%, enquanto os índices na Europa também fecharam no vermelho.
Decisão de juros: Brasil e EUA no radar
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, decide amanhã (18) sua taxa de juros. A expectativa é de manutenção no intervalo entre 4,25% e 4,50%, apesar das vendas no varejo terem vindo abaixo das projeções.
O que de fato atrairá a atenção dos investidores serão os chamados “gráficos de pontos” (dot plot), que indicam as projeções futuras de juros pelos membros do Fed. Isso é crucial para entender até quando os juros americanos permanecerão elevados e qual será o ritmo de cortes.
No Brasil, a situação é ainda mais delicada. O mercado precifica a possibilidade real de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a Selic para 15%, algo que até duas semanas atrás parecia improvável. As falas recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mais duras no tom, aumentaram essa aposta.
Projeções atuais:
Fed mantém juros em 4,25%-4,50% agora, mas pode começar cortes em setembro e dezembro (0,25 ponto cada).
BC brasileiro pode levar Selic a 15% e mantê-la nesse patamar até o fim do ano.
Fundos Imobiliários: Descontos e alerta com dívidas
O cenário macroeconômico impacta diretamente os fundos imobiliários, que vêm operando próximos da estabilidade, mas com pontos de atenção.
CPTS11: Crescimento no patrimônio
Cota de mercado: R$ 7,26 (estável)
Valor patrimonial por cota (VP): subiu de R$ 8,78 para R$ 8,90
Rentabilidade total (dividendos + patrimônio) no mês: +2%
Destaque para valorização de CRIs e ajuste na curva de juros.
GAR11: Queda no VP e risco na dívida
Cota: R$ 9,20 (ainda abaixo do VP)
VP caiu de R$ 9,50 para R$ 9,20
Motivo: impacto do endividamento sobre o patrimônio, que cresce mensalmente sem reavaliação dos imóveis.
Alavancagem atual: cerca de 20% do patrimônio.
Risco: se os imóveis não forem reavaliados positivamente até o fim do ano, o VP pode cair para R$ 8,70 ou menos.
XPSF11: Fundo de fundos com duplo desconto
Cota: R$ 6,11
VP: R$ 7,72
Desconto sobre o VP: 20%
Desconto indireto (fundos dentro da carteira também estão descontados): pode gerar um upside teórico de até 46%, embora não seja garantido.
Ponto crítico: prejuízo acumulado em R$ 1 milhão no ano, resultado de vendas de ativos com perda.
Distribuição atual: 6 centavos, com possibilidade de subir para 7 centavos se cessarem as vendas deficitárias.
Fundos com maior alta e queda no pregão
Altas do dia:
PATL11: +2,90%
DEVA11: +1,46%
BROF11: +1,21%
HGBS11: +1,07%
Baixas do dia:
HGRF11: -1,75%
HSF11: -1,61%
SNCI11: -1,20%
GGRC11 e GAR11: -1,00% cada
Fiagros também em queda
COPA11: -2,00%
CADO11: -1,96%
BRFT11: -1,70%
SNFZ11: -1,12%
Destaque de alta: BBGO11 +1,36%
Ações impactadas: Petróleo sobe, minério cai
O Ibovespa recua -0,42%, mas menos do que se esperava diante do agravamento do conflito no Oriente Médio.
Altas do dia:
Petrobras (PETR4): +3,00% – puxada pela alta do petróleo (Brent +4,5%).
3R Petroleum (RRRP3): +2,37%
Cirela (CIRE3): +2,00%
Maiores quedas:
Usiminas (USIM5): -6,25%
Marfrig (MRFG3): -4,00%
BRF (BRFS3): -3,42%
Vale (VALE3) e Bradespar (BRAP4): ambas pressionadas pela queda do minério.
Destaques de relatórios e dividendos
GGRC11:
Concluiu a primeira janela da nona emissão de cotas, com captação de R$ 15 milhões.
Assinou compromisso de compra dos ativos do fundo HELG11, incluindo imóveis em Cotia, Queimados e Contagem.
Realizou emissão de CRI de R$ 25 milhões a IPCA + 9%, taxa considerada bastante elevada.
Desocupação do imóvel de Campinas (ex-inquilino: Suzano), mas busca nova locação com valores acima do contrato anterior.
XPML11:
Precisa captar cerca de R$ 285 milhões até dezembro para honrar dívidas de aquisição.
Alternativas: venda de ativos, nova emissão de cotas (difícil, pois a cota está 15% abaixo do VP) ou rolagem da dívida via CRI.
Atenção: dividendos devem cair a partir de dezembro, encerrando o ciclo de distribuição robusta.
Calendário de dividendos recentes
LZC11: R$ 1,15 (pagamento em 24/06)
BPML11: R$ 1,60
CPOF11: R$ 0,65
MCRE11: R$ 0,11 (pagamento dia 24/06)
FTCA11: R$ 0,12 (yield de quase 1,5% pela cotação atual)
Risco elevado e atenção máxima
O mercado financeiro segue extremamente sensível aos desdobramentos da guerra no Oriente Médio e às decisões dos bancos centrais. O cenário de Selic em 15% é uma realidade cada vez mais concreta, pressionando ativos de risco como ações e fundos imobiliários.
A recomendação dos especialistas é redobrar a cautela, focar em ativos com boa geração de caixa e avaliar cuidadosamente riscos de endividamento, especialmente em fundos imobiliários alavancados.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário