No cenário atual da Bolsa, dois ativos tradicionais têm chamado atenção pelos preços deprimidos e pelos dividendos potenciais: KLBN4, da Klabin, e BBAS3, do Banco do Brasil. Mas afinal, esses papéis representam uma grande oportunidade para quem pensa no longo prazo ou são armadilhas diante dos riscos atuais?
Klabin (KLBN4): A máquina está pronta para gerar caixa?
Colheita após ciclo de investimentos bilionários
A Klabin (KLBN4), gigante do setor de papel e celulose, está saindo de um dos maiores ciclos de investimento da sua história. Com a conclusão dos projetos Puma II (MP27 e MP28), a empresa se prepara para transformar essa capacidade produtiva em geração de caixa robusta e dividendos crescentes.
- MP27: Focada na produção de Eukaliner, papel 100% de fibra curta (eucalipto), que traz vantagens competitivas como menor tempo de cultivo (7 anos contra 15 do pínus) e redução expressiva dos custos operacionais.
- MP28: Agrega flexibilidade, podendo produzir tanto papel cartão quanto Kraftliner, ampliando o portfólio com produtos de maior valor agregado.
Vantagens competitivas claras
- A Klabin é uma empresa verticalizada, controlando desde o plantio até a entrega dos produtos.
- Líder em custo caixa na produção de celulose fluff, usada em produtos absorventes.
- Aproximadamente 50% do EBITDA é dolarizado, protegendo parte relevante dos resultados contra oscilações cambiais.
Impacto na geração de caixa e dividendos
Apesar do peso da dívida — consequência dos grandes investimentos — a Klabin já começa a mostrar sinais de recuperação:
- Receita líquida subiu 10% no 1T25, mesmo com volume estável e queda no preço da celulose.
- EBITDA ajustado cresceu 13%, graças ao melhor mix de produtos e eficiência operacional.
O plano da companhia é reduzir a alavancagem para algo entre 2,5x e 3,5x dívida líquida/EBITDA, o que deverá destravar dividendos mais robustos a partir de 2025.
Projeções e potencial de valorização
- Preço atual: R$ 3,54 (ações preferenciais KLBN4).
- Preço-alvo médio: R$ 5,26 segundo analistas, representando um upside de quase 50%.
- Dividend yield atual: na faixa de 6% mesmo no pior momento do ciclo, com tendência de alta conforme a dívida seja reduzida e os novos projetos atinjam plena capacidade.
Papelão ondulado: A blindagem Natural da Klabin
A demanda por papelão ondulado cresce alinhada ao PIB, mas também se mantém resiliente em crises, apoiada pela substituição do plástico e pelo aumento do consumo global.
Pressão de curto prazo: inadimplência no Agro
O Banco do Brasil (BBAS3) vive uma tempestade perfeita:
- Ações caíram 26% em 2025.
- Negociadas a R$ 21,55, com desconto de 32% sobre o valor patrimonial.
- Crescimento expressivo da inadimplência, principalmente no agronegócio, que chegou a R$ 51 bilhões em empréstimos rurais prorrogados, equivalente a 12% da carteira agro.
Risco ou oportunidade?
O mercado precifica os riscos:
- Provisões maiores.
- Revisão de lucros para baixo, agora projetados em R$ 25,5 bilhões para 2025.
- Redução do payout esperado para 30%, impactando diretamente os dividendos no curto prazo.
Por outro lado, o desconto é relevante, e os investidores mais pacientes podem estar diante de uma oportunidade rara. Historicamente, sempre que BBAS3 negociou abaixo do patrimônio, entregou retornos expressivos em ciclos de recuperação.
Fator eleitoral: vilão ou gatilho?
A proximidade das eleições de 2026 adiciona mais volatilidade às estatais, mas também pode ser o gatilho para uma virada, caso o mercado reprecifique o risco após o pleito.
Dividendos: vai parar ou crescer?
- Dividend yield atual: cerca de 9%, mesmo com payout reduzido.
- Se os lucros voltarem a se estabilizar e o payout retornar para patamares médios de 40% a 45%, o BBAS3 volta a entregar DY acima de 12% no preço atual.
O que vale mais: Klabin ou Banco do Brasil?
Empresa | P/L | P/VP | Dividend Yield Atual | Upside (Preço-Alvo) |
KLBN4 | 8,2 | 0,85 | 6% | 50% |
BBAS3 | 4,5 | 0,68 | 9% | 30% |
Ambas as empresas operam muito abaixo dos seus valores históricos, cada uma com seus riscos e teses:
- Klabin (KLBN4) aposta no crescimento operacional, produtividade e recuperação dos preços da celulose, além da redução da dívida.
- Banco do Brasil (BBAS3) é uma aposta mais defensiva, com alto desconto patrimonial, mas dependente de uma melhora macro, especialmente no agro e no ambiente político.
Comprar no fundo ou esperar?
- Para quem busca crescimento de dividendos no longo prazo, Klabin é uma escolha sólida, ancorada em produtividade, diversificação e custos competitivos.
- Para quem busca valor extremo no curto prazo, BBAS3 oferece risco-recompensa interessante, embora dependa de uma estabilização econômica e política.
Investidores que tiverem a paciência de atravessar esse momento turbulento podem, em ambos os casos, ser bem recompensados nos próximos anos — tanto pelo aumento dos dividendos quanto pela valorização das ações.
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