O mercado automotivo brasileiro viveu um agosto turbulento. Mesmo com o incentivo do IPI Verde, que prometia baratear os carros de entrada, as vendas caíram — contrariando as expectativas de alta. Para piorar, consumidores apontam que muitas montadoras não repassaram o desconto prometido, gerando críticas sobre a transparência da medida.

O IPI Verde e a polêmica dos descontos

O IPI Verde foi criado pelo governo para reduzir impostos de veículos 1.0 flex, fabricados no Brasil, como Renault Kwid, Fiat Mobi e HB20. Na prática, porém, concessionárias mantiveram preços semelhantes aos praticados antes do incentivo, levantando suspeitas de que os descontos não chegaram de fato ao consumidor final.
Enquanto locadoras e vendas corporativas mantiveram ritmo, o público pessoa física percebeu pouco impacto real nos valores. A frustração pode ter contribuído para a queda nas vendas do mês.

Estratégia das montadoras

Especialistas apontam que as grandes marcas parecem menos preocupadas com volume de vendas e mais interessadas em lucro por unidade. A Volkswagen, por exemplo, reajustou preços em setembro mesmo com o dólar estável. Promoções e feirões continuam, mas muitas vezes mascaram reajustes anteriores — como descontos condicionados à troca de seminovos.

Honda perde espaço para BYD

O dado mais simbólico veio do acumulado até agosto: a Honda perdeu participação de mercado para a chinesa BYD. Tradicional no Brasil e conhecida pela confiabilidade de seus modelos, a montadora japonesa sofre com críticas sobre sua nova estratégia de preços e portfólio reduzido.
Enquanto isso, a BYD, apostando em híbridos e elétricos importados, conquistou espaço e já ultrapassa a Honda no ranking nacional. Em agosto, outra chinesa, a Caoa Chery, também encostou na montadora japonesa.

Mudança de cenário

O resultado indica um avanço consistente das marcas chinesas no Brasil. Apostando em tecnologia, preços mais competitivos e produção local em alguns modelos, como o Tiggo 5X, elas começam a ocupar o espaço de gigantes tradicionais.
A Honda, por sua vez, enfrenta críticas por modelos considerados caros para o que entregam. O HR-V, por exemplo, chega a custar R$ 210 mil na versão topo de linha, sem teto solar e com eixo de torção traseiro — características que incomodam consumidores mais exigentes em custo-benefício.

O futuro do setor

O balanço do mercado entre janeiro e agosto de 2025 mostra tendências claras:

  • Incentivos fiscais não garantem aumento de vendas quando não chegam ao consumidor.

  • As montadoras tradicionais preferem margens altas a grandes volumes.

  • As marcas chinesas, lideradas por BYD e Caoa Chery, estão ganhando espaço real no mercado brasileiro.

Resta saber se os próximos meses consolidarão essa virada e se os consumidores brasileiros abraçarão de vez os modelos chineses.

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Jornalista e empresário, atua desde 2010 na área de comunicação digital. Fundador do O Petróleo, tem experiência em economia, energia, política e cobertura internacional.