O setor de turismo no Brasil teve um início de 2025 avassalador. De acordo com pesquisa da Fecomércio-SP, o país movimentou mais de R$ 5 bilhões nos três primeiros meses do ano. O dado reforça o papel estratégico do setor para a economia nacional, com impacto direto na geração de empregos e renda.
Segundo especialistas, o crescimento do turismo está diretamente relacionado à retomada econômica, à ampliação de políticas públicas de incentivo e à valorização da cultura nacional, que impulsiona o interesse tanto dos turistas brasileiros quanto estrangeiros. A Bahia liderou o aumento no faturamento do setor, seguida pelo Rio de Janeiro.
Políticas públicas impulsionam o setor
Para Marutska Moezt, diretora do Centro de Excelência em Turismo da UnB, e Ana Clévia Guerreiro, coordenadora do Sebrae, o crescimento atual do turismo é reflexo de uma combinação entre o desejo de viver experiências, após a pandemia, e uma política pública mais estruturada. A ampliação do acesso, por meio de programas de incentivo a passagens populares e regionalização do turismo, tem ampliado a participação de diversas camadas sociais.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou que o Brasil recebeu quase 7 milhões de turistas estrangeiros em 2024, superando os anos de grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A expectativa para 2025 é ainda maior: 10 milhões de visitantes internacionais.
Diversidade cultural e regional: um ativo competitivo
O Brasil tem se posicionado internacionalmente como um destino culturalmente rico e diverso. Programas como o afroturismo, o fortalecimento de comunidades indígenas e quilombolas e a ampliação de atrações locais fazem parte da estratégia. Para os especialistas, turistas buscam o singular, e o Brasil oferece essa experiência com autenticidade.
Cidades como Salvador, que já se preparam para o São João com decorações e festas populares, são exemplo vivo de como cultura, tradição e economia se entrelaçam. A capital baiana recebeu mais de 140 mil turistas estrangeiros apenas em 2024 e continua sendo um dos destinos mais procurados do país.
Estatuto do Turista: segurança e direitos para visitantes
Outro avanço importante é o projeto de lei nº 4179/2019, que propõe a criação do Estatuto do Turista. O relator, deputado José Airton Cirilo (PT-CE), defende que a medida dará segurança jurídica e proteção de direitos aos turistas, nacionais e estrangeiros. O projeto está em discussão no Congresso e deve ganhar tração diante do bom momento vivido pelo setor.
O Estatuto prevê regras claras sobre responsabilidade dos prestadores de serviço, proteção contra abusos e mecanismos de denúncia em casos de exploração ou desrespeito à cultura local.
Turismo regional: inclusão social e desenvolvimento local
Além dos grandes centros, o turismo regional tem sido fundamental para a economia de pequenas e médias cidades. Com incentivos do Ministério do Turismo, municípios passaram a se organizar em rotas integradas, promovendo viagens de proximidade, com menor custo e maior envolvimento das comunidades locais.
O programa de regionalização busca integrar cultura, gastronomia e natureza, ampliando o acesso a atrativos antes invisíveis para o turismo de massa. Exemplos como Alto Paraíso (GO), comunidades indígenas no Mato Grosso e cidades históricas do Nordeste mostram que o Brasil tem potencial ainda pouco explorado.
Qualificação profissional: pilar do crescimento sustentável
Com o aumento da demanda, cresce também a necessidade de qualificação da mão de obra turística. De acordo com a professora Marutska Moezt, as áreas de hospedagem, gastronomia e recepção são as que mais precisam de formação. A UnB e o Ministério do Turismo retomaram em 2025 uma política nacional de qualificação, que deve beneficiar diretamente profissionais e pequenos empreendedores do setor.
A formação técnica e vocacional é vista como peça-chave para transformar o turismo em uma atividade economicamente relevante e socialmente inclusiva, valorizando o trabalho local com qualidade e profissionalismo.
Turismo como sistema: integração é chave para o futuro
O grande desafio para os próximos anos é tratar o turismo como um sistema integrado, que envolve infraestrutura, saneamento, conectividade, cultura, preservação ambiental e respeito às comunidades locais. O turismo sustentável depende de um planejamento que valorize o território sem comprometer suas características originais.
A Casa de Chá na Praça dos Três Poderes, em Brasília, é um exemplo concreto de como aliar cultura, identidade e atratividade turística com sucesso. O espaço recebeu mais de 143 mil visitantes em menos de um ano, mesclando gastronomia local com arquitetura icônica de Niemeyer.
Uma oportunidade histórica para o Brasil
Com uma janela de oportunidades aberta, especialistas alertam que este é o momento de construir uma política duradoura, com envolvimento de governos, iniciativa privada, universidades e sociedade civil. O turismo brasileiro, além de ser motor de crescimento econômico, é uma ferramenta poderosa de inclusão, valorização cultural e fortalecimento da imagem internacional do país.
Se bem estruturado, o turismo no Brasil pode se consolidar como um dos pilares do desenvolvimento nacional, gerando milhões de empregos e tornando o país um dos destinos mais desejados do mundo.
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