O fundo de investimento DCRA11 tem se destacado pelo pagamento de dividendos consistentes, atualmente na faixa de 9,5% ao ano, um percentual expressivo considerando seu valor de mercado descontado. No entanto, apesar da atratividade desse rendimento, o fundo acendeu alguns sinais de alerta para os investidores mais atentos, relacionados à qualidade de parte de suas operações de crédito.
Estrutura do DCRA11: foco no CDI e caixa robusto
O DCRA11 é um fundo fiagro de perfil high yield, ou seja, voltado para operações de maior risco e, consequentemente, maior retorno. Sua carteira possui 16 ativos diversificados, com predominância em operações atreladas ao CDI – cerca de 88% da carteira, considerando as alocações líquidas (excluindo caixa), com taxa média de CDI + 4,6%. O restante está exposto ao IPCA, com taxas médias de IPCA + 8,4%.
Além disso, o fundo mantém uma posição de caixa elevada, cerca de 33% do patrimônio, o que oferece flexibilidade para aproveitar oportunidades ou reforçar a distribuição de rendimentos em momentos de maior pressão.
Alerta: três operações em observação
Apesar da carteira ser considerada saudável pela gestão, três operações específicas chamam atenção por estarem sob monitoramento:
- FSBIL (5,7% da carteira)
- FIAGRI (4,9%)
- Solub (0,8%)
Esses ativos, embora ainda estejam em dia com os pagamentos, apresentaram sinais de deterioração na qualidade de crédito ou possuem histórico de alerta em outros relatórios. No total, essas posições representam mais de 10% do portfólio, o que justifica o acompanhamento atento por parte dos investidores.
Essa exposição a riscos setoriais – principalmente no segmento sucroalcooleiro e revenda de combustíveis – também levanta questionamentos, já que essas áreas têm sofrido oscilações com preços e condições de mercado.
Resgate antecipado gera prêmio extra
No último mês, o fundo registrou um resgate antecipado no CRA Bela Agrícola, resultando em um prêmio de R$ 66 mil. Embora o valor seja pequeno em termos absolutos, tem impacto no fundo devido ao seu patrimônio ainda restrito. Esse prêmio foi destinado a reforçar a distribuição de dividendos, contribuindo para manter o patamar atual.
Queda no número de cotistas preocupa
Apesar de uma liquidez satisfatória (com R$ 1,3 milhão negociado por mês), o DCRA11 registra uma queda constante no número de cotistas. Atualmente, o fundo possui 16.700 investidores, mas já perdeu cerca de 10% desse total em um ano. Esse movimento pode ser interpretado como uma desconfiança crescente de parte dos investidores, especialmente diante dos pontos de atenção citados.
Ainda assim, o fundo mantém uma liquidez acima da média para sua base de cotistas, o que demonstra que, mesmo com menos investidores, o volume financeiro segue robusto.
Expectativas para os próximos meses
Com a Selic elevada e o cenário de inflação controlada, a tendência é que o DCRA11 continue a distribuir rendimentos na casa dos 9,5% ao ano, sustentado principalmente pelas operações atreladas ao CDI. No entanto, o monitoramento das operações em risco será crucial para garantir a continuidade desse patamar de dividendos.
Investidores devem acompanhar de perto as revisões na qualidade de crédito da carteira e a gestão da liquidez, especialmente diante da alta exposição a setores mais voláteis. A posição de caixa elevada pode ser uma vantagem em cenários adversos, mas também reflete a necessidade de novas alocações mais seguras para manter a rentabilidade.
Risco-retorno na balança
O DCRA11 continua oferecendo um dos melhores rendimentos no segmento fiagro, mas com risco elevado e exposição concentrada em operações de crédito que exigem atenção redobrada. Para investidores dispostos a assumir esse perfil de risco, o fundo pode ser uma alternativa interessante. No entanto, para perfis mais conservadores, é essencial considerar os alertas na carteira e a tendência de queda no número de cotistas, que podem sinalizar desafios à frente.
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