A decisão da Danone de deixar de comprar soja, comunicada após as novas exigências de sustentabilidade da União Europeia, gerou fortes resultados dos produtores e do governo do Brasil. Em resposta à medida, que visa evitar o uso de matérias-primas provenientes de áreas desmatadas, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) classificou a atitude como “discriminatória” e acusou a empresa de desconhecer o processo produtivo do país. A Aprosoja sugeriu ainda que os agricultores brasileiros podem boicotar produtos da marca, em protesto à decisão.
Em nota, o Ministério da Agricultura também criticou a posição “unilateral” e “punitiva” da União Europeia, frisando que o Brasil possui regulamentações ambientais rigorosas e que, ao contrário do que indica as disposições europeias, grande parte da produção agrícola do país respeitantes a preservação de reservas legais, aplicáveis por lei.
A União Europeia define que, a partir de dezembro de 2024, as empresas precisarão comprovar que produtos como soja, cacau e café não são provenientes de áreas desmatadas. Embora o início das análises esteja previsto para dezembro de 2025, a Danone já iniciou uma transição para fornecedores na Ásia. Outras empresas globais, como Nestlé e Unilever, também adaptaram suas cadeias de fornecimento para atender à legislação e evitar avaliações que possam atingir até 20% do faturamento.
O Brasil, maior produtor e exportador de soja do mundo, destaca que, embora haja preocupação com o desmatamento em regiões como o Cerrado, há também benefícios de regeneração natural. A Aprosoja sugere que o governo leve a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC) e busque compensações financeiras junto à UE, considerando os possíveis prejuízos para os produtores nacionais.
A unidade brasileira da Danone afirmou que ainda adquire soja nacional que atende às regulamentações locais e internacionais, mas a matriz da companhia não comentou sobre as declarações recentes.
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