A Caixa Seguridade (CXSE3) confirmou o pagamento de dividendos em agosto, impulsionada por resultados robustos na área de previdência e capitalização. Ainda assim, as ações da empresa vêm acumulando queda na B3, gerando dúvidas entre investidores: o papel está barato ou sinaliza um alerta?

Neste artigo, destrinchamos os números mais recentes da companhia, avaliamos sua posição frente ao mercado e analisamos se o momento atual representa uma tempestade perfeita para dividendos — ou um falso alívio em meio a riscos estruturais.

Desempenho financeiro: crescimento sólido em previdência

De acordo com o relatório de abril divulgado pela companhia, a captação líquida da previdência privada saltou 27,8% em relação a abril de 2024, somando aproximadamente R$ 1,5 bilhão no acumulado do ano. As reservas técnicas cresceram 13%, sinalizando consistência nos ativos sob gestão.

Esse crescimento contrasta fortemente com o mercado geral: sem considerar a Caixa Seguridade, o setor de previdência amargou queda de até 66,3% na captação líquida acumulada.

Capitalização também registra alta expressiva

Outro destaque positivo foi o segmento de capitalização. Em abril, a arrecadação mensal atingiu R$ 8,3 milhões, com avanço de 18,8%, enquanto o acumulado no ano cresceu 11%. As provisões técnicas dispararam 47,1%, muito acima da média do mercado, que ficou em 6,5%.

Setor de seguros ainda pressiona resultados

Apesar dos bons números em previdência e capitalização, o setor de seguros, especialmente o prestamista, continua sendo um ponto fraco. Em abril, o prestamista caiu 45%, e no acumulado do ano, já registra queda de 36,6%.

A companhia justifica a retração pelas altas taxas de juros (Selic), que desincentivam o crédito e, por consequência, impactam a demanda por seguros atrelados a financiamentos. A queda de 7,5% no total dos prêmios emitidos nos ramos de seguros contrasta com uma alta de 8,4% no restante do mercado.

Segmentos que cresceram

  • Seguro habitacional: +11,8%

  • Seguro residencial: +13,4%

  • Seguro de vida: leve alta de 1,5%

Sinistralidade: controle estável, com exceção no prestamista

A sinistralidade total foi de 24,6% em abril, número considerado estável. Os segmentos de habitacional e vida registraram queda na taxa de sinistros, enquanto o prestamista foi o único a apresentar aumento (+6,9%).

Na comparação com o mercado, a Caixa Seguridade levou vantagem: enquanto sua sinistralidade acumulada subiu 2,1 pontos percentuais, o restante do setor subiu 3,4 p.p., evidenciando melhor eficiência na gestão de riscos.

Análise técnica: ação perde suporte e testa novas mínimas

Mesmo com fundamentos consistentes, CXSE3 rompeu suportes importantes, consolidando uma tendência de baixa no curto e médio prazo. A ação está cotada em torno de R$ 14,24, com um PL de 10,79 — abaixo da média do setor, o que pode indicar desconto atrativo.

Segundo projeções, com payout de 90% e lucro estimado de R$ 4,21 bilhões em 2025, o dividendo por ação (DPA) pode chegar a R$ 1,26. Isso cria diferentes preços teto, de acordo com o retorno esperado:

  • 4%: R$ 31,60

  • 6%: R$ 21,70

  • 8%: R$ 15,80

  • 10%: R$ 12,64

Pagamento de dividendos em agosto: o que saber

A empresa anunciou o pagamento de R$ 0,31 por ação em 15 de agosto de 2025, com data de corte (data com) em 1º de agosto. Para quem comprou CXSE3 após as quedas recentes, o yield pode ultrapassar 2% líquido só neste pagamento.

Esse cenário abre espaço para estratégias de dividendos sintéticos, que vêm sendo exploradas por investidores com foco em renda mensal recorrente.

O que dizem os analistas?

  • XP Investimentos: manteve recomendação de compra e subiu o preço-alvo para R$ 21, destacando o perfil defensivo e a forte geração de caixa.

  • BBBI: elevou o preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 18.

  • JP Morgan: rebaixou de compra para neutro, mantendo preço-alvo em R$ 18.

Mesmo com o rebaixamento do JP Morgan, a ação já acumula alta de 20% no ano, e os analistas veem potencial de valorização de até 31% até o fim de 2025.

Hora de comprar ou esperar?

A Caixa Seguridade demonstra solidez nos segmentos de previdência e capitalização, mas enfrenta desafios no setor de seguros — especialmente no prestamista, impactado pela alta da Selic. A ação caiu, mas o pagamento de dividendos, a atratividade do valuation e as boas projeções mantêm o ativo no radar de muitos investidores.

Para quem busca renda passiva, o atual patamar de preços pode representar uma boa oportunidade. No entanto, é fundamental avaliar o perfil de risco, acompanhar os movimentos do mercado e considerar o cenário macroeconômico antes de tomar qualquer decisão.

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Mariovaldo Azevedo é formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e possui especialização em Gestão Bancária e Crédito pela FIA Business School. Com mais de 20 anos de atuação no setor bancário, Mariovaldo acumulou vasta experiência em linhas de crédito, financiamento e operações bancárias. Como colunista do O Petróleo, ele compartilha conhecimentos práticos e informações valiosas sobre produtos financeiros e serviços bancários, ajudando leitores a tomarem decisões informadas.