O FGAA11, fundo do setor agro com patrimônio líquido de aproximadamente R$ 400 milhões, entra em uma nova fase estratégica após a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar recompra de cotas no mercado secundário. A medida pode representar o fim do atual programa de amortizações, que devolveu cerca de R$ 40 milhões aos cotistas — o equivalente a 10% do seu patrimônio.
A gestão agora estuda direcionar os recursos para adquirir suas próprias cotas no mercado a preços descontados, prática que pode gerar ganhos patrimoniais e melhoria do valor da cota negociada em bolsa.
Cotistas que entraram a R$ 7 acumulam valorização de 28%
Em um intervalo de poucos meses, a cota do FGAA11 saiu de R$ 7,00 para R$ 9,00 no mercado secundário, com o valor patrimonial por cota girando em torno de R$ 9,50. Isso representa uma valorização de aproximadamente 28%, somada a um dividendo mensal recorrente na casa de R$ 1,15 por cota — o que equivale a um dividend yield superior a 12% ao ano, considerando a média recente de preços.
Segundo dados mais recentes:
Cotistas: cerca de 50 mil
Cotas em circulação: quase 1 milhão
Taxa de ocupação da carteira: 100% adimplente
Indexação da carteira: 99,7% ao CDI
Número de devedores: 16 ativos pulverizados
Dividend yield anualizado (últimos 12 meses): entre 12% e 13%
CVM libera recompra: fim das amortizações?
O relatório mais recente da gestora revela que o programa de amortização só será mantido sob três critérios:
Preço de mercado abaixo de 95% do valor patrimonial
Ausência de novas oportunidades atrativas de investimento
Impossibilidade legal de realizar recompra — este terceiro item foi eliminado com o aval da CVM.
Portanto, é provável que a gestão suspenda as amortizações e inicie um programa de recompra, estratégia considerada mais eficaz para recuperar o valor de mercado e melhorar a eficiência do uso de caixa sem reduzir o patrimônio do fundo.
Riscos relevantes: concentração elevada e impacto contábil
Apesar da boa performance recente, o FGAA11 enfrenta um risco relevante de concentração. Algumas operações representam até 14% do patrimônio total. Um eventual problema em uma dessas posições poderia provocar:
Queda abrupta na marcação a mercado dos CRAs
Deterioração contábil do patrimônio líquido
Comprometimento dos dividendos por vários meses
Destaques da concentração:
Um único ativo responde por R$ 40 milhões, ou seja, 10% do fundo
Quatro operações somam mais de 30% da carteira
Setor predominante: sucroenergético (açúcar e etanol)
Com a obrigatoriedade recente de os Fiagros adotarem o regime de competência, qualquer marcação negativa nos ativos impacta diretamente o resultado contábil e a distribuição de proventos.
Exemplo prático: Se um ativo concentrado sofrer uma perda de 33% no valor contábil, o fundo poderia ter mais de 4% do patrimônio líquido reduzido, o que comprometeria cerca de quatro a cinco meses de dividendos.
Distribuições e guidance para 2025
Mesmo com uso parcial de reservas no último mês, o FGAA11 mantém guidance de distribuição entre R$ 1,15 e R$ 1,25 por cota até junho de 2025. Em abril, o fundo distribuiu ligeiramente acima do resultado, mas ainda dentro da média histórica do ano, o que demonstra consistência mesmo em ambiente de Selic elevada.
Selic atual: 13,75% a.a.
Indexação ao CDI: favorece o rendimento com o juro real elevado
Perspectiva da gestão: manter distribuição estável, com possibilidade de ampliação via recompra
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