O investimento chinês no Brasil registrou um crescimento expressivo de 33% em 2023, totalizando US$ 1,73 bilhão, segundo um relatório divulgado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CBBC). Apesar da ligeira redução no número de projetos — de 32 em 2022 para 29 no ano passado — o volume de capital investido atingiu um dos maiores patamares desde 2007.
O setor de energia foi o principal destino desses recursos, com 39% do total investido, equivalente a US$ 668 milhões, direcionados para fontes renováveis como energia eólica, solar e hidrelétrica. No entanto, o maior destaque do relatório foi o crescimento no setor automotivo, onde os investimentos chineses aumentaram 56%, alcançando US$ 568 milhões.
Desde 2021, todas as iniciativas da China na indústria automotiva brasileira se concentram na produção de veículos eletrificados. Empresas como a Great Wall Motors (GWM) e a BYD expandiram suas operações no país, com a BYD assumindo a antiga fábrica da Ford e a GWM adquirindo uma planta da Mercedes-Benz, ambas voltadas para a produção de veículos elétricos e híbridos.
Tulio Cariello, diretor de pesquisa do CBBC, destacou que essa movimentação representa uma aposta significativa no mercado brasileiro, com as empresas focadas em projetos de longo prazo. Além disso, a maior parte dos investimentos chineses no Brasil foi realizada em projetos greenfield, representando 83% dos empreendimentos e 90% do capital investido.
Embora o valor total dos investimentos esteja abaixo dos picos registrados em anos anteriores, a perspectiva para o futuro é otimista. O relatório aponta oportunidades em áreas como eletromobilidade e manufatura de ponta, que devem atrair novos investimentos chineses nos próximos anos.
Essas tendências estão alinhadas com a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), projeto liderado pela China, que visa promover infraestrutura e comércio global. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tem explorado a possibilidade de integrar o Brasil à BRI, o que pode representar um aumento significativo nos investimentos estrangeiros, especialmente em setores estratégicos.
De acordo com especialistas, o cenário geopolítico, marcado por tensões entre a China e outras potências, como Estados Unidos e União Europeia, tem redirecionado o capital chinês para o Sul Global. Nesse contexto, o Brasil surge como um destino seguro e promissor para investimentos de longo prazo.
Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina, ressaltou que a nova fase de investimentos chineses no Brasil deve se concentrar em setores mais sofisticados, gerando impacto positivo na criação de empregos e arrecadação de impostos.
A tendência é que a presença chinesa no Brasil continue a se expandir de forma consistente, contribuindo para o desenvolvimento de setores estratégicos e reforçando a parceria entre os dois países.
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