A edição 2024 da Intersolar South America, realizada em São Paulo, reafirmou o protagonismo do Brasil no mercado global de energia solar. Com a participação de mais de 650 expositores e cerca de 55 mil visitantes, o evento destacou o avanço tecnológico do setor, com a introdução de pavilhões voltados para armazenamento de energia e mobilidade elétrica, duas áreas fundamentais para a evolução das energias renováveis.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (ABSolar), o Brasil caminha para atingir 47,2 GW de capacidade solar instalada até o final de 2024, com a adição de 11 GW apenas neste ano. Esse crescimento coloca o país como um dos maiores mercados de energia solar no mundo, impulsionado pela competitividade da tecnologia fotovoltaica, que vem se consolidando em diversas aplicações, como sistemas flutuantes e agrovoltaicos.
Florian Wessendorf, diretor da Solar Promotion International, organizadora do evento, destacou o aumento da presença internacional, com 55% dos expositores vindos de fora do Brasil. “Esse nível de participação reflete o interesse global no mercado brasileiro e o potencial de crescimento do país no setor fotovoltaico”, afirmou Wessendorf.
Desafios e oportunidades no setor
Apesar do cenário positivo, o mercado solar brasileiro enfrenta desafios. Interrupções na geração centralizada, como os apagões de 2023, causaram perdas significativas, estimadas em R$ 300 milhões pela ABSolar. A empresa francesa Voltalia, por exemplo, reportou um impacto financeiro de € 40 milhões em seus resultados devido a essas interrupções.
Ronaldo Koloszuk, diretor da ABSolar, ressaltou que a eletrificação e a descarbonização são caminhos naturais para o aumento do consumo de eletricidade no Brasil. “A energia solar ainda representa uma pequena fração do mercado brasileiro, com apenas 4% das unidades consumidoras sendo abastecidas por essa fonte. Há muito espaço para crescimento, especialmente se compararmos com países como a Austrália, onde esse número chega a 30%.”
A proposta de lei 624/2023, em tramitação no Congresso Nacional, busca superar esses entraves. A medida obrigaria as distribuidoras a apresentarem estudos técnicos que justifiquem restrições à injeção de eletricidade de sistemas de microgeração, beneficiando pequenos produtores de energia solar.
Perspectivas futuras
O Brasil encerrou 2023 como o sexto maior gerador de energia solar do mundo, com uma adição de 15,4 GW de novas instalações. No entanto, o país ainda carece de uma política pública robusta com metas específicas para a energia renovável, o que poderia acelerar a transição para uma matriz energética 100% renovável até 2030, como propõe o presidente da ABSolar, Rodrigo Sauaia.
“A energia renovável tem potencial para ser a base do nosso sistema elétrico, mas precisamos de maior apoio governamental. O incentivo aos combustíveis fósseis ainda prevalece, enquanto os subsídios para energias limpas estão com os dias contados”, alertou Sauaia.
Com o avanço da tecnologia e o aumento da demanda por soluções sustentáveis, a energia solar no Brasil segue como uma das principais apostas para o futuro energético do país, consolidando-se como um mercado atrativo tanto para investimentos nacionais quanto internacionais.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário