O agronegócio brasileiro foi surpreendido nesta semana por uma decisão inesperada do Ministério da Agricultura, que bloqueou R$ 354 milhões do orçamento destinado ao seguro rural em 2025, além de contingenciar mais R$ 90 milhões. Na prática, 42% dos recursos previstos para o programa foram congelados, afetando diretamente milhares de produtores que dependem desse suporte para proteger suas lavouras e atividades.
O orçamento total aprovado para o seguro rural neste ano era de R$ 1 bilhão, fundamental para mitigar riscos climáticos e garantir estabilidade financeira ao setor. A medida, tomada sem aviso prévio, gerou forte reação no Congresso, especialmente entre parlamentares ligados à bancada do agro.
Entenda o que é o seguro rural e por que ele é essencial
O seguro rural é uma das principais ferramentas da política agrícola nacional, oferecendo proteção contra perdas causadas por fatores climáticos, pragas, doenças e oscilações de mercado. Sem esse respaldo, produtores ficam mais expostos, aumentando o risco de inadimplência, prejuízos na cadeia produtiva e até desabastecimento.
O bloqueio de quase metade dos recursos compromete a contratação de seguros, prejudicando sobretudo os pequenos e médios agricultores, que dependem do subsídio governamental para viabilizar a proteção das suas produções.
Por que o governo fez esse corte?
O motivo está diretamente ligado ao atual cenário das contas públicas. Com o crescimento acelerado dos gastos obrigatórios, como BPC (Benefício de Prestação Continuada) e outros benefícios sociais, o governo busca formas de cumprir as metas fiscais, mesmo que isso implique reduzir investimentos em áreas estratégicas, como o agro.
A decisão reflete a dificuldade de equilibrar uma política fiscal expansionista, focada no aumento de benefícios sociais, com a necessidade de controle do déficit e da dívida pública.
Juros a 15% elevam tensão no mercado e no agro
A situação se agrava com a recente decisão do Banco Central, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano, o maior patamar desde 2016. A autoridade monetária justificou a medida pela falta de alinhamento entre política fiscal e monetária, o que dificulta o controle da inflação e a ancoragem das expectativas.
Pressão sobre a inflação e a atividade econômica
Segundo projeções, a inflação brasileira permanece acima da meta de 3% até o final de 2026, com estimativa de 3,6%, só convergindo para o centro da meta em 2027. Esse descompasso entre as ações do Banco Central e os gastos do governo gera incerteza, afeta investimentos e pressiona todos os setores da economia, inclusive o agronegócio.
O custo do crédito rural, já impactado pela elevação da Selic, tende a ficar ainda mais elevado, dificultando financiamentos, investimentos em tecnologia e expansão da produção.
Impacto econômico: de produtores a consumidores
A combinação de corte no seguro rural e juros altos tende a gerar uma série de efeitos encadeados na economia:
Para o produtor: maior exposição a riscos climáticos e financeiros, aumento dos custos operacionais e redução da margem de lucro.
Para o mercado: menor oferta agrícola pode gerar pressão nos preços dos alimentos, afetando diretamente a inflação.
Para o consumidor: aumento nos preços e risco de inflação mais persistente.
Para o governo: desgaste com a bancada do agro e dificuldade em manter equilíbrio fiscal sem sacrificar setores produtivos.
TikTok ganha sobrevida nos EUA
Fora do cenário doméstico, outro tema que repercutiu no mercado global foi a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de prorrogar por 90 dias o prazo para que a ByteDance, dona do TikTok, venda a operação americana do aplicativo. Agora, a empresa chinesa tem até 17 de setembro de 2025 para negociar sua participação no país, evitando um possível bloqueio.
Essa é a terceira vez que Trump adia a aplicação da determinação do Congresso norte-americano, que pressiona pela saída da empresa chinesa do controle do app nos EUA.
Cenário desafiador exige cautela
O Brasil enfrenta um ambiente macroeconômico desafiador, onde o governo tenta equilibrar aumento de gastos sociais com a necessidade de controle fiscal. As decisões recentes, como o corte no seguro rural e a alta dos juros, deixam claro que as incertezas devem continuar impactando tanto o mercado financeiro quanto o setor produtivo.
O agronegócio, que responde por cerca de 25% do PIB brasileiro, se vê pressionado em um contexto de custos mais altos, menor acesso a crédito e perda de garantias. A tensão entre política fiscal e monetária promete seguir no radar dos investidores, produtores e consumidores nos próximos meses.
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