quinta-feira, 21 novembro / 2024

A construção civil é o setor com maior rotatividade de mão de obra no Brasil, alcançando uma taxa de 65,66% nos últimos 12 meses, segundo um levantamento da consultoria Tendências. Esse índice é significativamente superior à média nacional, que é de 34,74%.

Lucas Assis, economista da Tendências e autor do estudo, explica que a alta rotatividade no setor está relacionada ao grande número de empregos temporários, uma característica marcante da construção civil. “No setor da construção, a rotatividade é maior porque há um número elevado de postos temporários”, afirmou o economista.

O levantamento considerou dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) entre setembro de 2023 e agosto de 2024, que monitora o emprego formal em todo o país. Outros setores que também apresentaram alta rotatividade foram a agricultura, com 50,57%, o comércio, com 35,39%, e serviços, com 32,05%. A agricultura, assim como a construção civil, se destaca pela dependência de mão de obra sazonal.

No setor de serviços, que é um grande empregador no país, os índices de rotatividade variam consideravelmente. Por exemplo, enquanto o setor de serviços domésticos apresenta uma rotatividade de 60%, a administração pública, que também faz parte do setor de serviços, registra uma taxa bem menor, de 17,4%.

Em termos regionais, a taxa de rotatividade é relativamente homogênea entre os estados, com três locais se destacando com taxas superiores a 40%: Mato Grosso, Goiás e Espírito Santo. No Distrito Federal, a rotatividade é mais baixa, chegando a 28,47%, devido à forte presença do setor público na região.

Historicamente, a rotatividade no Brasil é alta e acompanhada do comportamento cíclico da economia, aumentando em períodos de aquecimento do mercado de trabalho, como o atual. Para as empresas, o alto índice de turnover representa custos elevados em várias dimensões, como explica Lucas Nogueira, diretor da empresa de recrutamento Robert Half: “Um desligamento pode custar até 1,5 vez o salário anual de um funcionário”. Além disso, mesmo quando o pedido de demissão parte do empregado, a empresa precisa arcar com custos de seleção, recrutamento e horas extras para cobrir o trabalho adicional dos remanescentes.

A alta rotatividade também afeta a produtividade da economia brasileira, uma vez que as empresas perdem anos de conhecimento acumulado com a saída dos funcionários. Este cenário é um desafio a ser enfrentado, principalmente para setores que dependem de trabalhadores temporários e de empregos de menor qualificação, como a construção civil e a agricultura.

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Com 10 anos de experiência jornalística, Naiane Santana é formada pela UFBA e escreve sobre inovações no setor automotivo, com foco em veículos elétricos e sustentabilidade. Seu trabalho conecta tecnologia, transporte e o futuro da mobilidade urbana.