O Brasil Terminal Portuário (BTP), no Porto de Santos, teve que recusar a atracação de dois navios porta-contêineres na última semana devido ao congestionamento em suas operações. O BTP, uma joint venture entre a APM Terminals e a Terminal Investment’s Ltd (TIL), está operando a 95% de sua capacidade.
A situação tornou-se crítica, já que outras embarcações que tentaram desviar para os terminais Santos Brasil e DP World também não encontraram espaço. Operadores do setor afirmam que o porto atingiu seu limite de contingência, destacando a falta de capacidade para lidar com picos de demanda.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda que a ocupação de terminais portuários seja mantida em 70% no pátio e 65% no atracadouro para garantir a eficiência das operações. No entanto, o Porto de Santos já opera no limite de 70% de sua capacidade desde 2019, ano em que movimentou 4,2 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), atingindo o limite operacional.
As projeções para 2023 indicam que o volume de carga do porto deve superar 5,3 milhões de TEUs, bem acima da capacidade ideal de 4 milhões, agravando a situação de saturação. A falta de capacidade pode prejudicar o porto, que é o maior da América Latina, e resultar na perda de cargas para portos vizinhos.
Planos de expansão que poderiam aliviar o congestionamento foram interrompidos durante o governo Lula, inclusive o leilão de um novo terminal previsto para 2022. O ministro dos Portos, Márcio França, afirmou que a necessidade de expansão será reavaliada para evitar a perda de competitividade. França também discute a possibilidade de manter o porto sob controle estatal ou avançar na privatização como forma de acelerar investimentos e melhorar a infraestrutura.
Entidades privadas, por sua vez, defendem a privatização total como caminho para garantir investimentos mais ágeis e soluções para os problemas de capacidade.
O futuro do Porto de Santos e sua capacidade de suportar o crescente fluxo de carga dependerão das decisões sobre expansão e gestão, enquanto a operação próxima ao limite já traz desafios evidentes para o transporte marítimo no Brasil.
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