Na hora de adquirir um carro, muitos brasileiros se deparam com uma dúvida comum, mas financeiramente complexa: é melhor comprar, financiar ou alugar? A resposta depende de fatores como tempo de uso, forma de pagamento e, principalmente, o impacto financeiro oculto envolvido em cada escolha.

Para ajudar nessa decisão, uma simulação completa foi feita com base em um Volkswagen Polo 0 km, considerando todos os custos explícitos (como seguro, manutenção, IPVA) e implícitos (como desvalorização e custo de oportunidade). Os dados mostram que a escolha errada pode custar milhares de reais ao longo dos anos.

Custo total de ter um carro próprio vai além do valor da compra

A análise parte de um cenário real: a compra de um Volkswagen Polo novo por R$ 113.990. O primeiro alerta é que, ao comprar um carro, você não gasta apenas esse valor. Existem diversos custos ocultos que precisam ser considerados, como:

Custos explícitos:

  • Seguro anual (em média 4% do valor do carro): R$ 18 mil em 5 anos

  • Manutenção e revisão (cerca de 3% ao ano): R$ 12 mil em 5 anos

  • IPVA (4% ao ano): R$ 18 mil em 5 anos

Custos implícitos:

  • Desvalorização: em 5 anos, o Polo pode valer cerca de R$ 68 mil, ou seja, uma perda de R$ 45 mil

  • Custo de oportunidade: se o valor da compra tivesse sido investido a 12% ao ano, o proprietário deixaria de ganhar R$ 132 mil

Somando todos esses fatores, o custo médio mensal (CMM) para manter o carro comprado à vista seria de R$ 2.623,84.

E se for financiado?

Se o mesmo veículo for adquirido por financiamento de 100% do valor, o cenário muda drasticamente:

  • O custo total em 5 anos chega a R$ 181 mil, devido aos juros

  • A desvalorização se torna ainda mais pesada: R$ 112 mil

  • O custo de oportunidade aumenta para R$ 173 mil, já que o valor das parcelas poderia estar sendo investido

Com isso, o CMM financiado sobe para R$ 4.434, quase o dobro da assinatura mensal de um veículo semelhante.

Assinar um carro: comodidade com custo previsível

A assinatura de veículos surge como alternativa prática. No caso do Polo, a mensalidade média é de R$ 2.789, com IPVA, seguro, manutenção e desvalorização já embutidos. Apesar do custo ser ligeiramente maior do que comprar à vista, ele ainda é consideravelmente menor do que financiar.

Contudo, há limitações:

  • Limite de quilometragem (em alguns planos, apenas 500 km/mês)

  • Restrições contratuais que podem não atender a todos os perfis

Carro usado pode ser a melhor alternativa

Para quem busca economia e tem o valor disponível, adquirir um carro usado à vista pode ser a melhor opção. A simulação para um carro usado no mesmo valor do Polo novo mostra:

  • Desvalorização menor (apenas R$ 19 mil em 5 anos)

  • CMM reduzido para R$ 1.600

  • Mesmo com custo maior de manutenção, o valor final é bem inferior à assinatura ou financiamento

Simulações mostram o caminho ideal para cada perfil

Melhor opção por perfil:

  • Tem dinheiro para comprar à vista e quer carro 0 km: compre

  • Quer carro 0 km, mas precisa financiar mais de 70%: assine

  • Quer economizar e aceita carro usado: compre à vista

  • Vai financiar menos de 50% de um usado: compre

  • Fica poucos anos com o carro e prioriza praticidade: assine

A resposta certa depende da sua realidade financeira

Não existe uma resposta única para a dúvida “comprar ou alugar um carro?”. O ideal é analisar todos os custos envolvidos, além do valor do veículo. A comodidade da assinatura pode atrair, mas o impacto dos juros no financiamento ou da desvalorização no carro novo pode corroer seu patrimônio silenciosamente.

Por isso, antes de decidir, use ferramentas de simulação e reflita sobre sua capacidade de pagamento, estilo de vida e horizonte de uso. Em 2025, com a Selic elevada e os juros sobre financiamento nas alturas, cada decisão conta — e pode representar a diferença entre enriquecer e empobrecer aos poucos.

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Fabiola Cunha é especialista em finanças e investimentos, com certificações pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e MBA em Gestão de Investimentos pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira de mais de 12 anos no mercado financeiro, ela se destaca por sua habilidade em planejar estratégias de investimentos pessoais e empresariais. No O Petróleo, Fabiola escreve sobre oportunidades de investimento, dicas de finanças pessoais e tendências do mercado de capitais.