A rotina de quem trabalha embarcado na Petrobras ainda desperta muita curiosidade — e também várias ideias equivocadas. Para esclarecer como funciona o dia a dia offshore, um profissional aprovado em concurso e atualmente atuando na Bacia de Campos compartilhou detalhes sobre deslocamento, turnos, tipos de plataformas e desafios da operação no mar.
Deslocamento até a plataforma: ônibus, carro e helicóptero
O trabalhador explica que, ao contrário do imaginário popular, ninguém vai “nadando” ou de barco para a plataforma. A rotina começa em terra firme:
Ele mora no Rio de Janeiro, desloca-se por carro ou ônibus até Campos dos Goytacazes e de lá segue para o Farol de São Tomé, ponto de embarque da Petrobras. A viagem leva cerca de cinco horas até o heliporto.
No dia seguinte, o embarque é feito de helicóptero, com cerca de 30 minutos até a unidade offshore. “Hoje está mais tranquilo porque estou na Bacia de Campos. Quando trabalhava em outras regiões, o deslocamento podia ser bem mais longo”, relata.
Para quem reside longe, como em São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Pará ou Ceará, a Petrobras não cobre o trecho aéreo até o estado de atuação. Muitos trabalhadores chegam de avião ao Rio de Janeiro por conta própria e, a partir daí, seguem o deslocamento fornecido pela companhia.
Regime de trabalho: 14 dias embarcado e 21 de folga
O regime mais comum citado pelo profissional é o 14×21, ou seja, 14 dias de trabalho seguidos por 21 dias de folga. Em períodos de férias, a folga pode chegar a mais de 50 dias consecutivos.
“Quando você volta, até esquece como trabalha”, brinca. Ele reforça que, apesar do cansaço natural da rotina offshore, o trabalho é considerado altamente gratificante e essencial para a companhia.
Plataformas, navios-sonda e sondas ancoradas: o que muda
O profissional já atuou em diferentes tipos de unidades offshore:
• Semissubmersíveis (SS)
São estruturas grandes, conhecidas pelo formato “quadrado”. São usadas em operações específicas de perfuração e completação.
• Navios-sonda
Hoje, ele trabalha majoritariamente em navios-sonda, mais modernos e utilizados em grandes lâminas d’água.
Essas unidades possuem sistema de posicionamento dinâmico (DP), que permite manter a posição exata durante a perfuração do poço.
• Sondas ancoradas
Mais antigas, utilizadas em águas mais rasas.
A escolha da unidade depende da disponibilidade e da profundidade da lâmina d’água onde a Petrobras irá atuar.
Turnos e funções: produção, poços e sobreaviso
As rotinas variam conforme a área de atuação:
• Profissionais de poços (perfuração, completação, abandono)
Trabalham em sobreaviso, alternando períodos diurnos e noturnos — por exemplo, sete dias no turno da madrugada e sete dias pela manhã.
• Área de produção
Trabalha no regime de turno fixo, geralmente recebendo adicional por isso. É considerada a área “que gera receita”, por ser responsável pela operação produtiva do petróleo.
• Importância operacional
O trabalhador destaca que cada função, do técnico de segurança ao operador, tem papel crítico na prevenção de acidentes e no desempenho geral da plataforma.
“É uma equipe. Cada um ensina ao outro. Todo mundo tem sua importância dentro da Petrobras”, reforça.




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