segunda-feira, 18 novembro / 2024

Os investimentos chineses no Brasil cresceram substancialmente nos últimos anos, impulsionando os setores de energia e infraestrutura e estreitando os laços bilaterais. Empresas como a State Grid Corporation of China (SGCC) e a State Power Investment Corporation (SPIC) estão na vanguarda desse movimento, que promete transformar a matriz energética brasileira.

Avanços na transmissão de energia limpa

A SGCC, presente no Brasil desde 2010, recentemente conquistou um contrato de 30 anos para construir uma linha de transmissão de 1.500 quilômetros no Nordeste. Avaliado em 20 bilhões de reais (US$ 3,4 bilhões), o projeto deve fornecer até 5 milhões de quilowatts de energia para regiões como Brasília, com previsão de operação em 2029. Esse avanço marca mais um passo significativo na trajetória da empresa no país.

“O Brasil apresenta um ambiente político estável, políticas regulatórias atrativas e uma economia promissora, elementos que tornam o mercado altamente estratégico para nós”, afirmou Wang Xiaogang, diretor técnico da State Grid Brazil Holding. Desde sua entrada no mercado brasileiro, a SGCC já implementou cerca de uma dúzia de projetos, incluindo o emblemático sistema de ultra-alta tensão (UHV) de Belo Monte, que transmite energia limpa de 2.500 km de distância com alta eficiência.

Geração de energia renovável

Enquanto a SGCC foca na transmissão, a SPIC lidera esforços na geração de energia. Desde sua chegada ao Brasil em 2017, a empresa já investiu 14 bilhões de reais em projetos que incluem hidrelétricas, usinas solares e gás natural. Atualmente, a SPIC é a sexta maior geradora privada de energia no país, com um plano ambicioso de se posicionar entre as três maiores até 2030.

Adriana Waltrick, CEO da SPIC Brasil, destacou a modernização da Usina Hidrelétrica de São Simão como um marco importante. A empresa também investiu fortemente em projetos de energia solar no Nordeste e participa de iniciativas para produção de hidrogênio verde, com estudos avançados nos estados do Rio de Janeiro e Ceará.

“Nossa parceria com a China tem possibilitado explorar novas tecnologias, como integração de baterias e geração híbrida, fortalecendo a segurança energética e promovendo a transição para fontes renováveis”, comentou Waltrick.

Impactos econômicos e sociais

Os projetos chineses no Brasil têm implicações econômicas e sociais significativas. Além de gerar milhares de empregos diretos e indiretos, as iniciativas ajudam a diversificar a matriz energética nacional, ampliando o acesso à energia limpa e de baixo carbono. Isso se alinha aos compromissos do Brasil com o Acordo de Paris e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O apoio chinês também reforça o papel do Brasil como líder global na transição energética. Segundo Waltrick, “o Brasil tem o potencial de estar na vanguarda da revolução energética, lado a lado com outras grandes nações.”

Parcerias para o futuro

Com uma década de ouro pela frente sob a Iniciativa Cinturão e Rota, idealizada pelo presidente Xi Jinping, os investimentos chineses no Brasil prometem intensificar a colaboração entre os dois países. O objetivo é não apenas consolidar a infraestrutura energética nacional, mas também abrir caminho para novos avanços tecnológicos, como produção e transporte de hidrogênio verde.

Perspectivas otimistas

Ao integrar tecnologias de ponta e fortalecer a cooperação internacional, os projetos chineses no Brasil simbolizam mais do que um investimento econômico — representam uma visão conjunta de futuro sustentável. Esse movimento solidifica o Brasil como um player estratégico na transição global para energias limpas, enquanto reforça os laços entre as duas maiores economias em desenvolvimento.

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André Carvalho é o fundador de O Petróleo e um jornalista com mais de 15 anos de experiência em economia e transporte. Formado pela UFRJ, André se destaca por análises profundas e acessíveis sobre o impacto das políticas econômicas e de mobilidade no dia a dia das pessoas.