A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) anunciou a previsão de distribuir cerca de R$ 2,2 bilhões em proventos ao longo de 2025, mantendo sua posição de destaque entre as elétricas mais generosas da Bolsa. Paralelamente, a empresa inicia um novo ciclo de investimentos robustos, com previsão de aplicar mais de R$ 40 bilhões entre 2024 e 2029 — a maior parte voltada para o segmento de distribuição.
Estrutura acionária e acionistas estratégicos
Atualmente, 63,11% do capital da Cemig está pulverizado entre diversos investidores, enquanto 17,04% ainda pertence ao Estado de Minas Gerais. Outros 16,13% estão sob o controle do FIA Dinâmica Energia, fundo privado vinculado a Juca Abdalla, que arrecadou impressionantes R$ 637 milhões em dividendos da Cemig apenas em 2024.
Dividendos crescentes e política atrativa
A Cemig adota uma política de proventos com payout mínimo de 50% e um dividendo mínimo garantido de R$ 0,50 por ação. Com base na cotação atual, o dividend yield gira em torno de 4,8% ao ano, mas projeções mais realistas para 2025 indicam um retorno entre 7,5% e 8%, podendo chegar a 10% em caso de quedas na cotação.
Desde 2015, os dividendos pagos triplicaram, saltando de R$ 0,60 para R$ 1,50 por ação em 2024. O crescimento médio anual dos dividendos nos últimos 10 anos foi de 12,6%, evidenciando a consistência da companhia na geração de valor ao acionista.
Crescimento operacional impressionante
A geração operacional da Cemig (Ebitda) saltou de R$ 3,7 bilhões em 2018 para R$ 11 bilhões em 2024. No mesmo período, o lucro líquido saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 7 bilhões. No entanto, parte desse lucro foi impactada por eventos não recorrentes. Ao desconsiderá-los, o lucro real recorrente gira em torno de R$ 4,7 bilhões.
Em 2025, o primeiro trimestre mostrou uma leve retração no lucro líquido, que caiu cerca de 10% em relação ao 1T24, totalizando R$ 1 bilhão. Caso esse desempenho se mantenha constante, o lucro estimado para o ano ficará por volta dos R$ 4 bilhões.
Cemig acelera investimentos com foco em distribuição
Entre os destaques do plano estratégico da Cemig está o aumento expressivo dos investimentos na área de distribuição, que representa a maior fatia da receita da companhia. Somente no 1T25, os aportes aumentaram 18,6% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando R$ 1,2 bilhão — sendo R$ 979 milhões destinados à Cemig Distribuição.
O Capex da distribuidora em 2025 será 4,7 vezes superior à depreciação regulatória (QR), evidenciando que a companhia está expandindo sua estrutura além da simples reposição de ativos.
Expansão da infraestrutura até 2028
O plano de crescimento da Cemig prevê saltos estruturais significativos até 2028:
Subestações: de 404 para 615 (+50%)
Capacidade de transformação: +60%
Medidores inteligentes: de zero para 1,7 milhão de unidades
Expansão da rede trifásica e dos municípios atendidos
Os medidores inteligentes são um diferencial estratégico, pois reduzem perdas regulatórias e aumentam a eficiência operacional.
Desempenho histórico das ações
Entre 2009 e 2024, as ações preferenciais (CMIG4) multiplicaram-se por mais de seis vezes, superando amplamente tanto o índice de energia elétrica quanto o Ibovespa. As ordinárias (CMIG3) registraram performance ainda superior, com valorização de nove vezes no período.
Endividamento e custo da dívida preocupam
A alavancagem da companhia, que era de 0,89x em 2023, subiu para 0,41x em 2024, refletindo o início do novo ciclo de investimentos. Entretanto, o custo da dívida também aumentou e está em torno de 13,6% ao ano, devido à indexação ao IPCA e ao CDI, em um contexto de juros altos no Brasil.
Ponto de atenção: atraso no pagamento dos dividendos
Apesar da generosidade no volume distribuído, a Cemig tem demorado para efetuar os pagamentos. Há casos de dividendos provisionados em março que só serão pagos em dezembro de 2025 ou até julho de 2026. Essa morosidade compromete a estratégia de reinvestimento rápido por parte dos acionistas.
Avaliação atual e oportunidades futuras
Com um P/VPA de 1,06 e um PL projetado de 7,43, a Cemig ainda apresenta fundamentos sólidos, mas já reflete certo estiramento nos múltiplos. Para investidores que aguardam um ponto de entrada, quedas na cotação entre 15% e 20% poderiam elevar o dividend yield para a faixa de 9% a 10%, tornando o papel ainda mais atrativo.
A Cemig se consolida como uma das melhores oportunidades no setor elétrico brasileiro, com distribuição robusta de proventos e plano de expansão agressivo. Apesar dos desafios com o custo da dívida e a demora nos pagamentos, a empresa segue entregando crescimento e eficiência. Para quem busca dividendos com visão de longo prazo, a Cemig continua no radar.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário