A oferta global de petróleo está crescendo, apesar das crescentes tensões no Oriente Médio, em grande parte devido à capacidade ociosa mantida pelos produtores da Opep+. Esse grupo de países produtores de petróleo tem mais de cinco milhões de barris por dia (mbpd) em capacidade não utilizada, o que está ajudando a manter os preços estáveis no mercado, mesmo diante de uma possível interrupção nas exportações de petróleo do Irã, que representa cerca de 2% do comércio global de petróleo bruto.
Nos últimos meses, os mercados de petróleo não reagiram com o mesmo pânico de outrora a crises internacionais, como o conflito Israel-Irã. Segundo especialistas, o fenômeno pode ser explicado por uma “mentalidade entorpecida” dos investidores, que têm sido expostos a uma cascata de crises sem que essas tenham levado a aumentos duradouros nos preços do petróleo. No entanto, as recentes declarações do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre possíveis ataques israelenses a instalações iranianas aumentaram o nervosismo nos mercados.
O preço do petróleo Brent chegou a ultrapassar os US$ 80 por barril recentemente, seu maior valor desde agosto deste ano. O petróleo apresentou um crescimento de 8% na última semana, sendo esse o maior aumento semanal desde o início de 2023, impulsionado pela preocupação com a oferta. Uma interrupção no fornecimento de petróleo iraniano por seis meses poderia elevar o preço do Brent para um pico de US$ 90 por barril, segundo analistas do Goldman Sachs.
Mesmo com a possibilidade de choques de oferta, o excesso de petróleo no mercado global, especialmente por parte da Opep+, tem contribuído para manter os preços em níveis mais baixos do que o esperado. O grupo abandonou, em junho, a busca por preços de US$ 100 por barril, com os analistas prevendo que, ao longo do próximo ano, os preços tendam a diminuir, especialmente se a demanda global continuar fraca.
Os analistas também ressaltam que os impactos inflacionários de uma alta nos preços do petróleo são menores do que nas crises de energia dos anos 1970. Isso porque as economias atuais são menos dependentes do petróleo em relação àquelas décadas. Um aumento de 5% no preço do petróleo, por exemplo, acrescenta apenas 0,1% à inflação nas economias avançadas, um impacto considerado modesto pelos especialistas.
Dessa forma, enquanto o conflito no Oriente Médio continua a ser uma fonte de incerteza, a ampla oferta de petróleo e a produção ociosa mantida pela Opep+ estão ajudando a manter o equilíbrio do mercado no curto prazo. Contudo, analistas alertam que a situação permanece frágil, e qualquer escalada significativa no conflito pode alterar drasticamente esse cenário.
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