O BTG Pactual Agrologística (BTAL11) segue chamando a atenção do mercado, não por grandes mudanças recentes, mas justamente pela estabilidade impressionante e pelo crescimento expressivo das reservas acumuladas, gerando expectativa sobre como será utilizado seu caixa disponível, atualmente na casa dos R$ 20 milhões.

Dividendos consistentes e alto deságio

O fundo pagou novamente um rendimento mensal de R$ 0,84 por cota, mantendo seu histórico de dividendos constantes. Com a cota sendo negociada a cerca de R$ 73,71, BTAL11 apresenta um dividend yield atrativo superior a 1,1% ao mês, considerando os últimos pagamentos. Esse patamar alto de rendimentos reflete diretamente no deságio significativo da cota, atualmente na ordem de 14,5%.

Reservas em alta

Outro ponto relevante é o crescimento constante das reservas do fundo. Apenas no mês de fevereiro, o resultado líquido do BTAL11 foi de R$ 0,92 por cota, mas o fundo distribuiu R$ 0,84 aos cotistas, mantendo R$ 0,08 em reservas. Com isso, o acumulado de reservas já chegou a R$ 0,70 por cota, aproximando-se do equivalente a quase um mês inteiro de dividendos. Esse movimento estratégico aumenta a segurança financeira do fundo, proporcionando margem para futuras ações.

Expectativas com o investimento da reserva

Uma das grandes expectativas dos investidores está relacionada à utilização do caixa acumulado, que continua parado, aguardando uma aplicação robusta. Há pelo menos quatro meses, o relatório gerencial menciona que o fundo está avaliando oportunidades estratégicas, mas sem dar detalhes ou prazos concretos. Uma das hipóteses discutidas é a possibilidade de aquisição ou expansão de ativos relacionados à Fazenda Santo Antônio, uma operação robusta que poderia trazer impacto significativo para o portfólio.

Outro cenário que surge no radar é a alocação dos recursos em fundos imobiliários, aproveitando o atual cenário de descontos no mercado. Ainda que esta alternativa possa trazer rentabilidade imediata, ela divide opiniões, especialmente entre investidores mais conservadores.

Cenário macroeconômico e desempenho do fundo

Apesar da estabilidade no pagamento de dividendos, o mercado mantém certa cautela, refletida no preço descontado das cotas. Parte dessa cautela vem do caráter parcialmente não recorrente do atual rendimento do fundo, relacionado ao ativo CRI Andralles, que possui vencimento previsto para o fim de 2025 ou início de 2026. Com isso, a perspectiva de manutenção dos rendimentos a longo prazo fica parcialmente comprometida.

Contudo, o BTAL11 permanece atrativo pela estratégia clara e direcionada ao segmento de logística agroindustrial, especialmente quando comparado a fundos semelhantes como o RZTR11. A vocação para infraestrutura logística rural continua sendo um diferencial importante, especialmente diante das perspectivas positivas do setor agrícola brasileiro.

Receita e impactos da inflação

Outro destaque importante está na receita do Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) presente na carteira, atrelado ao IPCA + 6,75% ao ano. A receita proveniente deste ativo aumentou significativamente devido ao avanço recente da inflação. Contudo, os próximos meses podem registrar alguma oscilação, conforme os índices inflacionários mensais são contabilizados com defasagem no fluxo de pagamento. É importante monitorar de perto a receita futura do fundo, especialmente nos próximos relatórios.

Perspectivas futuras

Mesmo sem grandes movimentações recentes, o BTAL11 segue gerando interesse pelo seu potencial estratégico de reserva financeira e pelo cenário de juros elevados, beneficiando a marcação dos títulos em carteira. A gestão mantém a confiança de que poderá sustentar o atual patamar de dividendos nos próximos meses, tornando o fundo uma opção interessante para investidores que buscam previsibilidade e potencial valorização em ativos agro-logísticos.

Investidores e analistas permanecem atentos para ver como será utilizada a robusta reserva acumulada e quais serão os próximos passos estratégicos, que poderão destravar maior valor para as cotas de BTAL11.

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Eliomar Menezes é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Planejamento Econômico e Finanças Corporativas. Com mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, atua como analista econômico e consultor em estratégias de mercado. Sua expertise inclui macroeconomia, análise de investimentos e projeções de mercado. No O Petróleo, Eliomar oferece análises aprofundadas e orientações práticas sobre as tendências econômicas, fortalecendo a base de conhecimento dos leitores.

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