Em 2025, a indústria naval militar brasileira atravessa um marco histórico. Após décadas de sucateamento e dependência externa, o país consolida programas estratégicos que reposicionam a Marinha do Brasil como protagonista no Atlântico Sul.

No Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, o navio patrulha Mangaratiba, da classe Macaé, atingiu 50% de avanço físico e deve ser entregue em julho de 2026. Outro navio da série, o Miramar, começou a ser montado em maio de 2025. Com 54 metros de comprimento e autonomia de 2.800 milhas náuticas, essas embarcações patrulham até 80% da costa brasileira e já foram responsáveis por combater 15% da pesca ilegal e 10% do narcotráfico em 2024. Além disso, participaram de missões de busca e salvamento, como o resgate de 50 pescadores no Nordeste.

Cada navio custa centenas de milhões de reais e gera impacto direto na economia, com 70 profissionais por embarcação e 75% de componentes nacionais, reduzindo a dependência externa de 40% em 2020 para apenas 20% em 2025.

Fragatas Tamandaré: proteção estratégica do pré-sal

Outro destaque é o Programa Fragatas Classe Tamandaré, orçado em € 2 bilhões. Produzidas em Itajaí (SC), as fragatas têm 103 metros, 3.000 toneladas e atingem velocidade de 27 nós (50 km/h). A primeira será entregue em dezembro de 2025, a segunda em março de 2026, enquanto as demais avançam em diferentes estágios de construção.

Essas fragatas são equipadas com mísseis Mansup de 70 km de alcance, radares AESA e sistemas C4i, ampliando em 40% a defesa antiaérea brasileira. Também integram o sistema IMADS, com mísseis CAM de 40 km, 95% eficazes contra drones. O objetivo é proteger as rotas marítimas do pré-sal, responsáveis por R$ 150 bilhões em exportações em 2024.

Submarinos: dissuasão estratégica e poder nuclear

O Programa PROSUB, avaliado em US$ 10 bilhões, já entregou três submarinos convencionais da classe Riachuelo, capazes de patrulhar 95% das rotas comerciais. O quarto, Almirante Caram, será comissionado em 2026.

O grande diferencial, entretanto, é o submarino nuclear Álvaro Alberto, com 30% de avanço. Com 100 metros de comprimento, 6.000 toneladas e autonomia de 90 dias, terá alcance de 5.000 km, permitindo patrulhas até a costa africana, região que registrou 10% dos incidentes de pirataria em 2024. O projeto, previsto até 2034, reforça a dissuasão estratégica do Brasil.

Navios Albion: poder anfíbio e apoio humanitário

Para ampliar sua capacidade anfíbia, a Marinha adquiriu navios da classe Albion, do Reino Unido, por US$ 54 milhões cada. Com 19.000 toneladas, capacidade para 405 fuzileiros e doca alagável para quatro embarcações LCU, esses navios chegam ao Brasil em dezembro de 2025.

Além do uso militar, poderão atuar em missões humanitárias, como já ocorreu nas enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, quando embarcações navais transportaram 15 toneladas de suprimentos.

Impactos econômicos e desafios

Inseridos no novo PAC, esses programas movimentaram R$ 2,5 bilhões em 2024, gerando 4.000 empregos diretos e 2.000 indiretos, com 70% de conteúdo nacional. Só em impostos, a arrecadação chegou a R$ 1,5 bilhão, além da capacitação de 500 engenheiros anualmente.

Ainda assim, existem desafios: 20% da frota depende de peças importadas, com risco de atrasos na cadeia logística, e os custos operacionais já chegam a R$ 600 milhões anuais. Pesquisas apontam que 60% dos brasileiros questionam os gastos militares frente a áreas como saúde e educação, embora 80% dos almirantes apoiem a expansão, mirando até mesmo um porta-aviões nacional em 2040.

Soberania no Atlântico Sul

Com esses avanços, o Brasil fortalece sua Amazônia Azul, área marítima de 4,5 milhões de km², e projeta sua força como líder naval da América Latina, superando 90% das marinhas da região. Além disso, amplia sua presença em missões internacionais da ONU e em exercícios como a UNITAS, que em 2024 reuniu 12 nações e garantiu 85% de interoperabilidade com a OTAN.

O renascimento da indústria naval militar brasileira marca um divisor de águas: de embarcações obsoletas à construção de uma esquadra moderna, capaz de projetar poder e garantir soberania.

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Jornalista econômico especializado em mercado de petróleo, investimentos e geopolítica, produz análises sobre preço do barril e tendências globais.