Brasil precisa de US$ 0,5 trilhão em renováveis para liderar transição energética global

O Brasil está diante de uma grande oportunidade para se tornar líder mundial na transição energética, mas, para isso, precisará investir US$ 0,5 trilhão em energias renováveis até 2050. Esse valor faz parte de um montante ainda maior — cerca de US$ 1,3 trilhão — necessário para garantir um fornecimento de energia com baixa emissão de carbono nos próximos 26 anos, de acordo com o relatório Brazil Transition Factbook, da BloombergNEF (BNEF). O estudo destaca que o país já é um dos principais destinos globais de investimento em energia limpa, atraindo US$ 35 bilhões em 2023, ficando em sexto lugar no mundo e liderando entre os mercados emergentes.

Para atingir as metas climáticas propostas, as emissões de carbono no Brasil precisam cair 14% até 2030, em comparação com os níveis de 2023, e alcançar uma redução de 70% até 2040. O setor energético desempenha um papel crucial nessa transição, com a eletrificação de setores como o transporte e a indústria sendo fundamentais para a descarbonização. Atualmente, o Brasil ocupa uma posição de destaque na produção de energia eólica e solar, com uma capacidade instalada recorde de 5 GW e 16 GW, respectivamente, em 2023.

Apesar dos avanços, a BNEF alerta que é necessário acelerar as políticas públicas e os investimentos para alcançar o cenário Net Zero até 2050, em conformidade com o Acordo de Paris. A executiva da BNEF, Luiza Demoro, ressalta que, com a presidência do G-20 e a organização da COP30 em 2025, o Brasil está no centro das discussões globais sobre descarbonização. Contudo, é essencial que o país aproveite essa posição e implemente políticas robustas para desbloquear fluxos de capital e superar as barreiras de mercado.

Além das energias renováveis, o relatório aponta outras oportunidades para o Brasil, como o potencial de se tornar um dos principais produtores de hidrogênio verde e a possibilidade de oferecer uma das indústrias de aço com zero emissões líquidas mais competitivas do mundo até 2030, graças à abundância de biomassa e eletricidade barata.

A trajetória do Brasil nos próximos anos será decisiva para definir sua posição como líder global na transição energética, além de contribuir significativamente para os esforços de combate às mudanças climáticas.