O Brasil deu um passo decisivo para se posicionar como protagonista na nova geopolítica global da mineração. Um projeto de lei aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, estabelecendo diretrizes inéditas para exploração, processamento e agregação de valor desses recursos no país.

O ponto que mais chamou atenção do mercado é a exigência de que até 80% das terras raras extraídas em território nacional sejam processadas no Brasil, rompendo com o histórico modelo de exportação de matéria-prima bruta.

Especialistas apontam que a medida representa uma mudança estrutural no papel do país na cadeia global de suprimentos, justamente em um momento em que minerais críticos se tornaram ativos estratégicos tão relevantes quanto o petróleo foi no século XX.

O que são minerais críticos e por que eles valem tanto

Minerais críticos são aqueles considerados essenciais para setores estratégicos da economia moderna, como:

  • Transição energética

  • Indústria de veículos elétricos

  • Energia solar e eólica

  • Baterias, semicondutores e eletrônicos

  • Defesa e tecnologia de ponta

Entre os principais minerais no radar global estão:

MineralUso estratégico
Terras rarasÍmãs permanentes, turbinas eólicas, eletrônicos
LítioBaterias de veículos elétricos
NíquelArmazenamento de energia
CobaltoIndústria automotiva e tecnológica
Minério de ferro de alta purezaTransição energética e aço verde

Cada país define sua própria lista de minerais críticos — e o novo marco legal brasileiro cria, pela primeira vez, uma definição oficial e estratégica adaptada à realidade nacional.

Fim da exportação de “pedra bruta”: agregação de valor vira prioridade

Um dos pilares centrais da nova política é evitar que o Brasil continue sendo apenas fornecedor de matéria-prima barata. O projeto de lei incentiva:

  • Processamento e beneficiamento mineral no território nacional

  • Desenvolvimento de plantas industriais e tecnológicas

  • Transferência de tecnologia

  • Geração de empregos qualificados

  • Fortalecimento da indústria nacional

Na prática, o país busca subir degraus na cadeia produtiva, exportando produtos de maior valor agregado, e não apenas minérios in natura.

Geopolítica pura: China, EUA, Europa e Arábia Saudita no radar

O debate sobre minerais críticos deixou de ser apenas econômico e passou a ser estratégia de Estado. A disputa global envolve diretamente:

  • China, que domina grande parte do refino mundial de terras raras

  • Estados Unidos, que buscam reduzir dependência externa

  • União Europeia, que lançou novas leis para garantir suprimentos

  • Arábia Saudita, que quer participar ativamente da cadeia produtiva global

Nos últimos meses, o Brasil recebeu comitivas internacionais interessadas em parcerias estratégicas, mineração e investimentos industriais. O país passou a ser visto como um fornecedor-chave para garantir segurança de suprimentos em um mundo marcado por tensões geopolíticas.


O impacto para investidores e o mercado de mineração

Com a nova política, o Brasil tende a se tornar palco de:

  • Fusões e aquisições no setor mineral

  • Entrada de capital estrangeiro

  • Joint ventures entre mineradoras e indústrias

  • Projetos voltados à transição energética

Minerais antes considerados secundários agora ganham status estratégico, o que aumenta o interesse de fundos globais, governos e grandes empresas.

Segundo especialistas, o cenário atual lembra o início do ciclo do petróleo no século passado — com a diferença de que, agora, a disputa envolve tecnologia, energia limpa e soberania industrial.

Segurança jurídica e licenciamento entram no centro do debate

Outro ponto-chave do projeto é trazer mais previsibilidade jurídica para o setor de mineração, especialmente em relação a:

  • Licenciamento ambiental

  • Regras claras para exploração

  • Estímulo a práticas sustentáveis

  • Integração entre mineração, indústria e inovação

A expectativa é que um marco regulatório mais claro reduza riscos e acelere decisões de investimento, sem abrir mão de critérios ambientais e sociais.

Brasil quer ser potência mineral — e tecnológica

A mensagem do novo plano é clara: o Brasil não quer apenas minerar, mas produzir, transformar e liderar. A aposta é usar seus vastos recursos minerais como alavanca para:

  • Desenvolvimento industrial

  • Inovação tecnológica

  • Crescimento econômico sustentável

  • Protagonismo geopolítico

Em um mundo que corre para garantir minerais do futuro, o país sinaliza que não pretende ficar à margem da maior disputa estratégica do século XXI.

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Autoridade: Notícias, Mercado Financeiro, Ações Jornalista e gestor editorial com mais de 10 anos de experiência em comunicação digital e cobertura econômica. Fundador do portal, lidera a linha editorial e valida pautas estratégicas relacionadas a juros, inflação, dólar, balanços e movimentações corporativas. 📩 [email protected]