Em uma reviravolta no comércio global de petróleo, o Brasil ultrapassou a Malásia como o maior fornecedor de petróleo pesado venezuelano para a China no mês de setembro, marcando uma significativa reestruturação nas relações comerciais internacionais. De acordo com dados recentes da Administração Geral de Alfândegas da China (GAC), o Brasil assumiu a liderança após anos de domínio malaio neste nicho de mercado.
Historicamente, a Malásia serviu como o principal canal para o petróleo pesado venezuelano, especialmente o tipo Merey 16, utilizando certificados de origem modificados para evitar sanções e restrições de importação impostas pelos EUA e pela China. No entanto, a partir de julho de 2024, Brasil, Trinidad e Tobago e Indonésia começaram a participar mais ativamente do processo, diminuindo a participação da Malásia nas exportações para a China.
A transição de fornecedores se reflete claramente nos números: as importações chinesas da mistura de betume da Malásia caíram drasticamente de 736.249 toneladas em julho para zero em setembro. Em contrapartida, o Brasil marcou sua presença em julho com 108.299 toneladas, escalando para 768.853 toneladas em setembro, o que representou 72,7% do total importado pela China naquele mês.
Esta mudança pode ser atribuída a uma série de fatores, incluindo a maior fiscalização dos bancos chineses sobre pagamentos relacionados a cargas de origem malaia. Conforme reportado pela S&P Global Commodity Insights, instituições financeiras na China aumentaram o escrutínio sobre essas transações, impulsionando outros países a preencher a lacuna deixada pela Malásia.
Além disso, poucos comerciantes estão envolvidos no processo de transição das cargas entre Venezuela e China, o que agiliza a substituição dos fornecedores dos certificados de origem. Em comparação, a Malásia ainda mantém um papel significativo na emissão de certificados de origem para o petróleo bruto iraniano, indicando uma diversidade maior de fornecedores envolvidos nessas operações.
O mercado de betume tem mostrado estabilidade nos preços, com ofertas para dezembro sendo apresentadas com descontos em relação aos futuros do Brent, mantendo-se similares às de novembro. No entanto, a oferta permanece restrita, e a demanda por misturas de betume em refinarias independentes chinesas viu uma ligeira melhoria em outubro, embora seja esperada uma queda com a chegada do frio em novembro.
A reconfiguração dos fluxos de comércio de petróleo entre Venezuela, Brasil e China ressalta a adaptabilidade e a volatilidade do mercado global diante de pressões políticas e econômicas, e sugere um novo capítulo nas relações comerciais entre esses países no cenário energético mundial.
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