A Bradespar (BRAP4), holding de participações na Vale, enfrenta um processo judicial que pode gerar desembolso de até R$ 3 bilhões, segundo informações apuradas junto a fontes próximas ao caso e relatórios da própria empresa. O litígio com a Litel Participações, outro acionista da Vale, tem origem em desentendimentos desde a privatização da mineradora em 1997 e está atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Disputa judicial bilionária e origens do processo
O conflito começou após a arbitragem, em 2018, que determinou que Bradespar e Litel pagassem R$ 2,8 bilhões ao Opportunity. A Bradespar arcou com R$ 1,4 bilhão dessa dívida. Posteriormente, a Litel questionou judicialmente a divisão desse valor, alegando não ter sido consultada sobre a decisão que beneficiou a Eletron, ligada ao Opportunity.
Com correção monetária e juros anuais de 12%, a dívida já ultrapassa R$ 3 bilhões e segue em disputa. Segundo fontes, em abril de 2025 o ministro relator do STF deu 15 dias para as partes tentarem um acordo, mas sem sucesso. O caso aguarda julgamento definitivo.
Impacto no caixa, patrimônio e desconto das ações
Caso a perda se concretize, o valor representaria quase metade do valor de mercado atual da Bradespar, avaliado em cerca de R$ 6,7 bilhões. Os ativos da holding — principalmente sua participação na Vale — estão estimados em aproximadamente R$ 9,7 bilhões, com caixa líquido perto de R$ 1 bilhão.
Esse cenário de incerteza jurídica tem contribuído para a ampliação do chamado “desconto holding”, que hoje supera 30% em relação ao valor líquido dos ativos, segundo cálculos com base nos balanços de 2024.
Resultado financeiro em queda e cenário operacional
Em 2024, o lucro da Bradespar sofreu forte retração, acompanhando a queda no desempenho da Vale. A equivalência patrimonial caiu 40% na comparação com 2023, enquanto despesas administrativas cresceram 36%, pressionando ainda mais os resultados. Desde 2021, a holding vem reportando quedas sucessivas no lucro líquido e no retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que fechou 2024 em 13%.
O ciclo de baixa das commodities metálicas, somado a custos operacionais e despesas judiciais, explica grande parte dessa deterioração.
Dividendos elevados e sustentabilidade
Apesar do cenário adverso, a Bradespar segue pagando dividendos robustos. Em 2024, o dividend yield (dividendo por ação dividido pelo preço) ficou acima de 13%, com um payout — parcela do lucro distribuída aos acionistas — em torno de 70%. A dívida líquida negativa e o caixa confortável sustentam esses pagamentos no curto prazo.
Entre 2021 e 2024, a companhia distribuiu dividendos entre 11% e 45% do valor das ações, dependendo do ano, mantendo uma das maiores taxas de retorno da Bolsa.
Valuation, preço-teto e potencial de valorização
Com base em métodos de avaliação por soma das partes, a Bradespar apresenta um preço/lucro projetado em torno de 5 vezes e um ROE estimado superior a 20%, indicadores que a colocam entre as empresas com maior potencial de valorização. Segundo cálculos que consideram um dividend yield-alvo de 10%, o preço-teto para as ações seria de aproximadamente R$ 20, acima da cotação atual.
Além disso, em rankings de ações mais baratas da B3, a Bradespar ocupa hoje a segunda posição em termos de dividendos pagos nos últimos cinco anos e a 17ª no potencial de valorização segundo a fórmula de Benjamin Graham.
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