A Bradespar (BVMF: BRAP4), holding de participações focada exclusivamente na Vale, reportou uma redução de 59% em seu caixa líquido no intervalo de apenas 30 dias, conforme o boletim quinzenal divulgado em 2 de junho de 2025. O valor caiu de R$ 710,2 milhões em 2 de maio para R$ 292,4 milhões, acendendo o sinal de alerta entre investidores e analistas de mercado.

Essa retração não foi acompanhada de fato relevante ou detalhamento no relatório contábil que justifique a movimentação atípica, o que levanta especulações sobre a ligação com um processo judicial bilionário em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo valor pode atingir até R$ 3 bilhões.

Processo no STJ pode custar até 46% do valor da empresa

Segundo estimativas do mercado, a Bradespar vale atualmente cerca de R$ 6,5 bilhões na B3. Se confirmado o passivo judicial no valor estimado de R$ 2 a R$ 3 bilhões, a companhia poderá ser impactada em até 46% de seu valor de mercado. O julgamento foi paralisado pelo STJ para tentativa de acordo entre as partes, mas nenhuma resolução foi anunciada até o momento.

O processo diz respeito a uma disputa tributária complexa que envolve reestruturações societárias passadas. Analistas divergem sobre se os riscos já estão precificados, mas o movimento no caixa reforça a percepção de provisões ocultas ou despesas antecipadas em preparação para um eventual desfecho negativo.

Bradespar depende integralmente da Vale: oportunidade ou risco?

A estrutura da Bradespar é singular: a empresa não faz alocação de capital em múltiplos ativos, sendo basicamente uma holding passiva da Vale (VALE3). Seu modelo de receita se baseia em dois pilares:

  • Equivalência patrimonial: refletindo os lucros da Vale no resultado da Bradespar.

  • Dividendos recebidos: repassados quase integralmente aos acionistas da holding.

Essa estrutura garante previsibilidade quando a Vale tem desempenho forte, mas também acentua o risco em ciclos de baixa das commodities. Em 2024, por exemplo, a Vale distribuiu R$ 13,6 bilhões em dividendos, dos quais uma parte relevante foi repassada à Bradespar, resultando em um dividend yield aproximado de 12,1% para os papéis BRAP4 naquele ano.

Comparativo entre BRAP3 e BRAP4: qual vale mais a pena?

TickerTipoLiquidezTag AlongDividend Yield (2024)P/LP/VP
BRAP3ONBaixa80%11,8%5,20,60
BRAP4PNAlta80%12,1%5,10,68
  • Tag Along: Ambas as classes oferecem proteção de 80%, o que garante os direitos do acionista minoritário em caso de mudança de controle.

  • Liquidez: A BRAP4 é preferida por investidores institucionais e pessoas físicas devido à maior liquidez.

  • Valuation: As ações da Bradespar continuam negociadas com desconto sobre o valor patrimonial, refletindo os riscos e a dependência da Vale.

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André Carvalho é jornalista formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 15 anos de experiência no mercado editorial, André é reconhecido por sua expertise em economia, finanças e políticas públicas. Sua trajetória inclui colaborações com veículos de grande relevância, onde desenvolveu análises estratégicas e conteúdos voltados para investimentos, benefícios sociais e gestão financeira.