A Beta Technologies apresentou oficialmente sua aeronave elétrica Zalia CX300 no Paris Air Show 2025 após realizar um voo transcontinental que cruzou o Atlântico Norte. A decolagem partiu da Irlanda, passou pelo Reino Unido e atravessou o Canal da Mancha até pousar na França — uma demonstração ousada do compromisso da empresa com a operação real de seus modelos.

Além da demonstração, a startup norte-americana anunciou um acordo com a Republic Airways, que utilizará o Zalia CX300 para treinar pilotos e mapear rotas comerciais viáveis. Segundo o fundador da Beta, Kyle Clark, o foco inicial está em operações STOL (decolagem e pouso convencional em pistas curtas), acelerando o processo de certificação em comparação ao modelo VTOL (decolagem vertical), previsto para ser homologado posteriormente.

Estratégia de mercado: primeiro o STOL, depois o VTOL

O modelo apresentado no Paris Air Show é a versão STOL da Zalia CX300. Embora compartilhe toda a estrutura e motorização com a versão VTOL, a ausência dos rotores verticais permite um avanço mais rápido no processo de certificação com as autoridades reguladoras. O foco inicial será no transporte de carga e passageiros em rotas regionais.

A empresa acredita que essa abordagem facilitará a entrada mais rápida no mercado de aviação elétrica urbana e regional, abrindo caminho para que o modelo VTOL seja adotado com base em dados operacionais reais.

“Acreditamos que começar com a versão STOL nos colocará à frente no mercado de aeronaves elétricas com decolagem vertical”, afirmou Kyle Clark.

Economia e sustentabilidade: voo entre os Hamptons e JFK custou US$ 7

A Beta destacou também os impressionantes ganhos econômicos com sua aeronave elétrica. Um dos testes recentes nos EUA envolveu um voo do balneário de Hamptons até o Aeroporto JFK, em Nova York, ao custo de apenas US$ 7 em eletricidade — valor dezenas de vezes menor do que o gasto com combustível fóssil em aeronaves tradicionais, estimado entre US$ 350 e US$ 500.

Dados técnicos da Zalia CX300

A Zalia CX300 é equipada com:

  • Motorização: motor elétrico duplo redundante com 575 hp de pico e 400 hp contínuos

  • Propulsor: hélice de cinco pás, desenhada para reduzir ruído

  • Capacidade de carga: 200 pés cúbicos (~5,66 m³), equivalente a uma van Sprinter

  • Autonomia operacional: sistema de baterias integradas com opção de carregadores móveis e fixos

  • Certificação: preparada para voos IFR, com proteção contra gelo e descargas atmosféricas

Tabela: Comparativo de custos operacionais

Tipo de vooCusto estimado com combustívelCusto com eletricidade (Zalia CX300)Economia aproximada
Hamptons → JFKUS$ 350 a US$ 500US$ 7Até 98,6%
Voos regionais até 300 kmUS$ 200 a US$ 300US$ 4 a US$ 10Até 97%

A Beta também avançou na infraestrutura de recarga, com a instalação de carregadores de 30 kW e 60 kW em sua rede nos EUA e expansão para a Europa a partir da Irlanda. O carregador recebeu certificação CE na Europa e UL nos Estados Unidos, garantindo padrão internacional.

No aspecto regulatório, a aeronave está em processo de certificação para operação IFR (voo por instrumentos) — incluindo resistência a formações de gelo e impactos diretos de raios, com sistemas elétricos robustos dimensionados para suportar até 300 mil amperes.

Parceria com a Republic Airways abre porta para adoção em larga escala

O contrato com a Republic Airways é estratégico para validar rotas e treinar tripulações, marcando o início de uma nova fase para a aviação elétrica comercial. Ainda sem número exato divulgado, o acordo prevê o fornecimento de várias unidades da Zalia CX300, inicialmente para voos de demonstração e treinamento, com transição futura para operações comerciais de carga e passageiros.

Produção em escala e voos diários nos EUA

A Beta já opera uma fábrica nos Estados Unidos, onde produz componentes certificados e realiza testes com múltiplas aeronaves diariamente. A versão de passageiros já circula por diversas cidades americanas, incluindo Nova York, como parte de uma campanha de demonstração comercial e validação operacional.

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Eliomar Menezes escreve sobre transporte, ferrovias, rodovias, portos, logística e mobilidade industrial e sobre curiosidades do setor de transportes.