Os preços do petróleo devem recuar para níveis inferiores a US$ 60 por barril em 2026, segundo projeções da maioria dos grandes bancos de investimento e da Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA). A expectativa reflete um cenário de sobreoferta persistente no mercado global, impulsionada pelo crescimento fraco da demanda e pelo aumento da produção tanto de países da OPEP+ quanto de produtores fora do cartel.
De acordo com analistas, o petróleo Brent e o WTI — principais referências globais — devem cair dos níveis atuais próximos a US$ 63 e US$ 60 por barril, respectivamente, ao longo de 2026. O consenso do mercado é de que o excesso de oferta emergente continuará a pesar sobre os preços, criando um ambiente estruturalmente baixista para o setor.
EIA projeta estoques mais altos e preços menores
A EIA avalia que os estoques globais de petróleo continuarão crescendo até 2026, o que deve pressionar ainda mais as cotações. A agência projeta que o Brent terá média de US$ 54 por barril no primeiro trimestre de 2026 e encerrará o ano com média próxima de US$ 55 por barril.
Apesar do viés negativo, a EIA revisou sua estimativa para cima em relação ao mês anterior. Segundo o órgão, dois fatores explicam o ajuste:
Compras contínuas de petróleo pela China para reforçar suas reservas estratégicas, criando uma pressão adicional de alta nos preços.
Endurecimento das sanções ao setor petrolífero russo, que pode resultar em uma produção menor do que a inicialmente prevista.
Bancos alertam para mercado saturado
O Macquarie Group também prevê preços mais baixos em 2026, mas ressalta que fatores como sanções contra a Rússia, incertezas políticas na Venezuela e até um inverno mais rigoroso nos Estados Unidos podem desacelerar a queda das cotações. Para o banco, a OPEP+ poderá ser forçada a implementar novos cortes de produção no segundo semestre de 2026 para tentar estabilizar o mercado.
Já o ABN AMRO Bank destacou em seu relatório Energy Market Outlook 2026 que o mercado global enfrenta um desequilíbrio estrutural. Segundo o economista sênior de energia Moutaz Altaghlibi, o crescimento fraco da demanda, combinado com a expansão da oferta, deve manter os preços sob pressão ao longo de todo o ano.
A instituição projeta que o Brent terá média de US$ 58 por barril no primeiro trimestre de 2026, caindo gradualmente até US$ 50 por barril no fim do ano, com média anual de US$ 55 por barril.
Excesso de oferta domina cenário, apesar da geopolítica
Para Ole Hvalbye, analista de commodities do banco SEB, o mercado segue em uma trajetória claramente descendente. Segundo ele, as tensões entre Washington e Caracas adicionam apenas um prêmio geopolítico limitado, insuficiente para reverter o cenário de aumento da oferta e excedentes crescentes.
Pesquisas recentes da Reuters reforçam essa visão: analistas e economistas consultados estimam que o WTI terá preço médio de US$ 59 por barril em 2026, enquanto o Brent deve ficar em torno de US$ 62,23, abaixo das projeções anteriores.
O Goldman Sachs é ainda mais pessimista e prevê um grande excedente de petróleo, com o WTI alcançando média de US$ 53 por barril em 2026. Segundo o banco, o mercado só deve se reequilibrar a partir de 2027, após superar o que chamou de “a última grande onda de oferta”.
Riscos geopolíticos seguem no radar
Apesar das projeções de queda, analistas alertam que choques geopolíticos continuam sendo um fator de risco relevante. Um eventual agravamento das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, por exemplo, poderia provocar interrupções na produção de petróleo pesado venezuelano, exigindo uma rápida substituição desses barris no mercado internacional.
Nesse cenário, referências como o petróleo de Dubai poderiam se valorizar em relação ao Brent, especialmente diante do esforço da China para substituir eventuais perdas de fornecimento.




Deixe o Seu Comentário