O Banco do Brasil (BBAS3) entrou no radar de alertas pessimistas com a nova projeção divulgada pelo Goldman Sachs em junho de 2025. A instituição cortou a estimativa de lucro líquido do banco para R$ 25,6 bilhões — uma redução de 31% em relação ao piso do guidance anterior, que variava entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.

O corte drástico também afeta diretamente os dividendos projetados para os acionistas. Segundo o Goldman, o payout (percentual do lucro distribuído) poderá ser de apenas 30%, bem abaixo da faixa de 40% a 45% divulgada pelo próprio Banco do Brasil em fato relevante no início do ano.

Queda no lucro: de R$ 37 bi para R$ 25,6 bi, segundo o Goldman

A revisão do lucro projetado teve como base fatores macroeconômicos negativos:

  • Alta da Selic, que encarece o custo de captação;

  • Maior inadimplência no crédito rural, segmento em que o banco é líder;

  • Margens pressionadas e exigência de provisões maiores para perdas.

Segundo os analistas do Goldman, o novo cenário justifica um recuo agressivo nas expectativas de resultado operacional para 2025.

Impacto nos dividendos: queda brusca e abaixo do guidance

Com base na projeção de lucro de R$ 25,6 bilhões e um payout estimado de 30%, o dividendo projetado por ação em 2025 seria de apenas R$ 1,34, o que representa um dividend yield (DY) de 6,16% considerando a cotação atual da ação.

Esse valor representa uma queda expressiva frente às expectativas anteriores. Veja o comparativo de cenários:

CenárioLucro (R$ bilhões)Payout (%)Dividendo por ação (R$)Yield projetado
Base BB (otimista)37,040%R$ 2,6011,93%
Goldman Sachs (pessimista)25,630%R$ 1,346,16%
Intermediário29,640%R$ 2,079,54%

Preço teto projetado com dividend yield de 6% a 8%

Com base em diferentes cenários de lucro, payout e yield esperado, o preço teto da ação BBAS3 também muda significativamente.

No cenário mais pessimista do Goldman Sachs (lucro de R$ 25,6 bi e payout de 30%), o preço teto estimado para um DY de 6% cai para R$ 22,27.

Veja outras simulações:

  • Lucro de R$ 33 bi e payout de 40% (queda de 10%): preço teto com DY de 6% = R$ 38,74

  • Lucro de R$ 29,6 bi e payout de 40% (queda de 20%): preço teto com DY de 6% = R$ 34,43

  • Mesmo cenário de lucro do Goldman, mas com payout de 40%: dividendos chegariam a R$ 1,78, com DY estimado em 8,16%, elevando o preço teto a R$ 29,67

Proximidade dos próximos dividendos: datas confirmadas para agosto e setembro

Mesmo com o cenário pessimista para o ano, o Banco do Brasil já confirmou dois pagamentos de dividendos para o segundo semestre:

  • 1º anúncio:

    • Divulgação: 13/08

    • Data-com: 01/09

    • Pagamento: 11/09

  • 2º anúncio:

    • Divulgação: 20/08

    • Data-com: 02/09

    • Pagamento: 12/09

Esses rendimentos reforçam a estratégia do banco de manter a distribuição de lucros mesmo em meio à pressão de resultados.

Mercado está pessimista, mas fundamentos continuam sólidos

Apesar da forte desvalorização recente das ações BBAS3 e da revisão de lucros, os fundamentos do Banco do Brasil permanecem sólidos. Com mais de R$ 5,7 bilhões de ações em circulação, a empresa mantém bom índice de Basileia, carteira diversificada e papel estratégico no setor financeiro brasileiro.

A cotação atual reflete, em parte, o cenário desafiador. No entanto, para investidores que trabalham com valuation conservador, mesmo os cenários projetados por instituições como Goldman Sachs ainda indicam potencial de dividendos superiores à média do setor bancário.

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André Carvalho é jornalista formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 15 anos de experiência no mercado editorial, André é reconhecido por sua expertise em economia, finanças e políticas públicas. Sua trajetória inclui colaborações com veículos de grande relevância, onde desenvolveu análises estratégicas e conteúdos voltados para investimentos, benefícios sociais e gestão financeira.