A XP Investimentos reduziu a recomendação de BBAS3 de “compra” para “neutro” e baixou o preço-alvo de R$ 41 para R$ 32, citando queda de 29 % nas projeções de lucro para 2025 e incerteza no guidance.

Poucas horas depois, o Santander seguiu o mesmo caminho: de “compra” para “neutro” e preço-alvo de R$ 45 para R$ 26, um corte de 40 %. O banco destacou ROE fraco de 16,7 % no 1T25 e deterioração da carteira do agronegócio.

Antes deles, o BTG Pactual já havia apertado o freio, reduzindo o alvo de R$ 34 para R$ 30 e alertando que “a situação pode piorar antes de melhorar”.

Três golpes na mesma ferida

CorretoraRecomendação AnteriorNova RecomendaçãoPreço-alvo AnteriorPreço-alvo Atual
XPCompraNeutroR$ 41R$ 32
SantanderCompraNeutroR$ 45R$ 26
BTGCompraNeutroR$ 34R$ 30

Carteira agro, nova regra contábil (Res. 4966) e guidance em revisão foram citados como os principais riscos convergentes nos três relatórios.

Por que o agro pesa tanto?

O Banco do Brasil tem a maior exposição ao agronegócio entre os grandes bancos. O setor sofre com queda de preços de commodities e aumento de inadimplência após a estiagem de 2024, elevando provisões e pressionando margens.

  • Deterioração da carteira agro: alta nas provisões no 1T25 puxou o ROE para baixo.

  • Resolução 4966: nova regra contábil mudou o cálculo de risco de crédito, afetando o BB mais do que concorrentes.

  • Guidance em revisão: o banco retirou metas de lucro e NII para 2025, gerando incerteza.

Impacto na cotação

No fechamento de 2 de junho, BBAS3 caiu a R$ 23,28, acumulando queda de 16 % em maio e de 6 % em 12 meses. O P/L recuou para 6,2 × e o P/VPA indica desconto de 26 % sobre o valor patrimonial — níveis que, para parte do mercado, embutem o novo cenário de lucros menores.

O que dizem os veteranos

A gestora de Luiz Alves Paes de Barros avalia que a narrativa muda rápido, mas lembra que crises anteriores — de 2008 à pandemia — mostraram resiliência do banco ao longo do tempo. Para investidores de longo prazo, a combinação de P/L baixo e dividend yield acima de 10 % mantém BBAS3 no radar, ainda que o curto prazo seja desafiador.

Vale entrar ou sair?

Analistas sugerem três caminhos:

  1. Quem já tem posição: manter e monitorar provisões da carteira agro no 2T25.

  2. Quem busca dividendos: esperar sinal de estabilização do payout entre 40 % e 45 %.

  3. Novas compras: considerar suporte técnico na faixa de R$ 23–24 e preço-teto pessoal conforme yield desejado.

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Eliomar Menezes é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Planejamento Econômico e Finanças Corporativas. Com mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, atua como analista econômico e consultor em estratégias de mercado. Sua expertise inclui macroeconomia, análise de investimentos e projeções de mercado. No O Petróleo, Eliomar oferece análises aprofundadas e orientações práticas sobre as tendências econômicas, fortalecendo a base de conhecimento dos leitores.