quinta-feira, 21 novembro / 2024

A usina nuclear de Angra 3, situada na pitoresca rota da Rodovia Rio-Santos, é um gigante adormecido há quatro décadas. Desde o início de sua construção em 1984, a usina foi paralisada três vezes devido à falta de recursos, disputas judiciais e decisões políticas. Agora, sob a administração da Eletronuclear, uma empresa de economia mista vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a obra aguarda um parecer crucial do governo federal para determinar se será retomada ou abandonada definitivamente.

A construção, que já consumiu aproximadamente 12 bilhões de reais, necessita de um aporte adicional de 23 bilhões de reais para ser concluída. Uma desistência, por outro lado, custaria cerca de 21 bilhões. As decisões futuras recaem sobre o Conselho Nacional de Política Energética, composto por 17 ministérios, que deverá emitir sua posição até a primeira semana de dezembro.

Se concluída, Angra 3 tem o potencial de gerar energia para cerca de 4,5 milhões de pessoas até 2030, aumentando a resiliência do sistema elétrico nacional. No entanto, especialistas no setor energético questionam a viabilidade do projeto, apontando para alternativas mais baratas e sustentáveis, como as energias eólica e solar, que oferecem menos riscos ambientais e se alinham melhor às competências técnicas e naturais do Brasil.

Enquanto a decisão não chega, a manutenção do local continua sendo uma prioridade, com procedimentos rigorosos para evitar qualquer risco de radiação. Durante uma visita recente ao canteiro de obras, foi possível observar as enormes estruturas destinadas ao reator e à turbina, que, mesmo incompletas, já delineiam o que poderia ser uma nova era para a energia nuclear no país.

Além de Angra 3, a usina de Angra 1 também enfrenta desafios, aguardando a renovação de sua licença para continuar operando. Recentemente, inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica visitaram as instalações para avaliar as modernizações e garantir a segurança da região nos próximos 20 anos.

A Eletronuclear garante que todas as operações são monitoradas com rigor, incluindo a região costeira próxima, onde a água utilizada no resfriamento dos reatores eleva a temperatura local, sem, no entanto, representar riscos de contaminação radioativa. A segurança ambiental e operacional das usinas é uma prioridade absoluta, sublinhando o compromisso com a preservação da biodiversidade local e a saúde dos moradores de Angra dos Reis.

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Thailane Oliveira é advogada formada pela USP e possui mais de 12 anos de experiência em políticas públicas e legislação de trânsito. Seus artigos explicam de forma clara as mudanças nas leis que afetam motoristas, ciclistas e usuários de transporte público.