A participação de mercado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deve cair para 33% até 2030, segundo, divulgado em 16 de outubro. A previsão aponta que o bloco, que hoje responde por 34% da produção mundial de petróleo, poderá ver sua fatia de mercado reduzir, antes de uma recuperação esperada para 40% em 2050.
Esse cenário coloca a OPEP diante de um grande desafio: equilibrar a produção para manter os preços do petróleo em um nível que permita sustentar as economias dos países membros. A AIE alerta que a alta produção de países como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Guiana está pressionando o mercado e pode enfraquecer o poder de influência do grupo.
Segundo a AIE, a capacidade ociosa da OPEP deve aumentar significativamente nos próximos anos, passando de 6 milhões de barris por dia (b/d) em 2024 para 8 milhões de b/d em 2030. Essa projeção ocorre em meio ao aumento da capacidade produtiva planejada por membros da OPEP, como a Arábia Saudita. Em janeiro, a Saudi Aramco anunciou que cancelaria a ampliação de sua capacidade de produção de 12 para 13 milhões de b/d, refletindo a incerteza sobre a demanda futura.
Outro ponto destacado pelo relatório é a previsão de que a produção global de petróleo deve cair cerca de 10% até 2050, totalizando 90,3 milhões de b/d. No entanto, em um cenário alternativo, em que os países intensificam seus esforços para atingir metas de emissão líquida zero, a produção global poderia ser reduzida ainda mais, chegando a 52,1 milhões de b/d em 2050. Neste caso, a OPEP seria responsável por apenas 21,36 milhões de b/d.
A visão da AIE sobre o futuro da demanda de petróleo contrasta fortemente com a perspectiva otimista da OPEP, a organização prevê que a demanda continuará crescendo, atingindo 120,1 milhões de b/d em 2050, impulsionada por economias emergentes na Ásia, Oriente Médio e África.
O secretário-geral da OPEP, Haitham al-Ghais, criticou as previsões pessimistas da AIE, chamando de “fantasia” a ideia de eliminar gradualmente o petróleo e o gás natural. Ele também ressaltou que essa abordagem poderia comprometer a segurança energética global ao desestimular investimentos cruciais no setor. A OPEP estima que US$ 17,4 trilhões em investimentos serão necessários até 2050 para atender à crescente demanda.
A AIE também apontou a geopolítica como um fator de risco importante para a OPEP, destacando o Estreito de Ormuz como um ponto de estrangulamento estratégico. Cerca de 20% do petróleo e gás natural liquefeito (GNL) mundial passa diariamente pelo estreito, incluindo 4,4 milhões de b/d destinados às refinarias chinesas. Qualquer interrupção no fluxo de petróleo devido a conflitos na região poderia causar grande volatilidade nos preços e escassez de fornecimento.
Além disso, o cenário de excesso de oferta previsto pela AIE para a próxima década pode levar os membros da OPEP a enfrentar dificuldades para manter os preços do petróleo em níveis que sustentem suas economias. A fraqueza dos preços observada em setembro, quando o Brent chegou a ser negociado por menos de US$ 70 por barril, levantou especulações de que a Arábia Saudita, principal membro da OPEP, poderia priorizar a participação de mercado em detrimento do controle dos preços.
A análise da AIE coloca em evidência os desafios que a OPEP enfrentará nos próximos anos, com a pressão crescente de produtores rivais e incertezas sobre a demanda futura.
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