O fundo imobiliário MXRF11, o mais popular da B3 em número de cotistas, tornou-se protagonista de uma estratégia amplamente divulgada entre investidores iniciantes: a chamada regra dos R$ 915.
A lógica é simples:
Cada cota do MXRF11 custa, em média, R$ 9,49
O fundo costuma pagar cerca de R$ 0,10 por cota ao mês
Com 96 cotas, o investidor passa a receber aproximadamente R$ 9,50 mensais
Esse valor seria suficiente para comprar uma nova cota sem aportar dinheiro novo
Valor total investido:
96 cotas x R$ 9,54 = R$ 915,84
É a partir desse ponto que muitos defendem que o investimento “cresce sozinho”, dando início ao chamado efeito bola de neve.
Como funciona o efeito bola de neve na prática
A ideia central da estratégia é o reinvestimento automático dos rendimentos. Em teoria:
O investidor compra cotas do MXRF11
Recebe rendimentos mensais
Usa esses rendimentos para comprar mais cotas
A nova quantidade de cotas gera rendimentos maiores no mês seguinte
Esse ciclo cria crescimento progressivo do patrimônio, especialmente em fundos com preço baixo por cota, como o MXRF11.
O que o MXRF11 faz de fato?
Diferente dos fundos de “tijolo”, que compram imóveis físicos para receber aluguel, o MXRF11 é um fundo multiestratégia, com foco maior em ativos de crédito imobiliário.
Principais estratégias do fundo:
Empréstimos ao setor imobiliário (CRIs)
Permutas financeiras, com maior risco
Investimento em cotas de outros fundos imobiliários
Essa estrutura faz com que:
O foco esteja na geração de renda mensal, e não na valorização da cota
A cotação do fundo ande de lado por longos períodos
O retorno venha majoritariamente dos proventos
Sem considerar os rendimentos, a cotação isolada do MXRF11 teria apresentado desempenho negativo em janelas longas. Já com reinvestimento dos proventos, o retorno acumulado muda completamente.
Números reais: quando a bola de neve realmente aparece
Em um exemplo prático apresentado pelo investidor:
| Indicador | Valor aproximado |
|---|---|
| Patrimônio investido | R$ 15.000 |
| Rendimento mensal médio | R$ 157 |
| Rendimento anual | ~R$ 1.900 |
| Yield anual | ~12,7% |
| Novas cotas compradas só com rendimentos | ~16 cotas/mês |
Nesse patamar, o efeito bola de neve deixa de ser teórico e passa a ser concreto: os próprios rendimentos passam a gerar múltiplas novas cotas mensalmente.
O grande erro: seguir a regra de forma cega
Apesar de funcionar no MXRF11, a estratégia não é universal.
Quando aplicada a fundos mais caros, os números mudam drasticamente:
Exemplo comparativo:
| Fundo | Preço da cota | Capital para “número mágico” |
|---|---|---|
| MXRF11 | ~R$ 9,50 | ~R$ 915 |
| MCCI11 | ~R$ 88 | ~R$ 8.000 |
| KNRI11 | ~R$ 150 | ~R$ 22.000 |
Isso significa que, em fundos mais caros, o investidor pode levar anos para atingir o mesmo efeito.
Estratégia mais inteligente: renda conjunta, não isolada
A análise mostra que o investidor não precisa atingir o número mágico em cada ativo. Uma abordagem mais eficiente é:
Somar todos os rendimentos da carteira
Usar o valor total para comprar o ativo mais atrativo do momento
Aproveitar oportunidades de preço, em vez de comprar sempre o mesmo fundo
Essa estratégia permite:
Mais diversificação
Menor risco de comprar ativos caros
Uso mais eficiente da renda passiva
Vale a pena seguir a regra dos R$ 915?
Sim, mas com ressalvas.
Funciona quando:
O fundo tem preço baixo por cota
O foco é renda mensal, não valorização
O investidor entende os riscos do crédito imobiliário
Não funciona bem quando:
É aplicada de forma rígida
Impede a diversificação da carteira
Faz o investidor ignorar preço e qualidade dos ativos
A “mágica” dos R$ 915 no MXRF11 existe, mas não é um atalho automático para enriquecer. O verdadeiro poder da estratégia está no reinvestimento consciente, aliado à diversificação e à análise de oportunidades.
O efeito bola de neve não vem de um número específico, mas da disciplina, do tempo e da estratégia correta.
No fim das contas, o número mágico não é o R$ 915 — é entender como o dinheiro trabalha a seu favor.




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