O crescimento das energias renováveis no Sul Global tem gerado um aumento de empregos, mas a falta de oportunidades permanentes preocupa trabalhadores e especialistas. Embora a transição para uma economia verde seja fundamental no combate às mudanças climáticas, o modelo atual de geração de empregos é marcado pela temporariedade, concentrando-se na fase de construção e instalação dos projetos, como plantas solares e eólicas.
Esse cenário tem sido observado em países como a África do Sul, onde o programa de energias renováveis criou muitas vagas de trabalho, mas a maioria foi vinculada à fase inicial dos projetos. Após a conclusão da construção, muitos trabalhadores ficam sem perspectivas de emprego estável. O mesmo padrão se repete em países latino-americanos, como Brasil e México, onde, após o boom inicial de construção, os empregos desaparecem quando os projetos entram em operação.
Esse tipo de dinâmica não oferece o mesmo tipo de estabilidade que indústrias mais tradicionais, como a de carvão e petróleo, que geram ecossistemas de empregos que se estendem por toda a cadeia de produção, desde a extração até a distribuição e manutenção. No setor renovável, essa continuidade não é garantida, o que limita o potencial de desenvolvimento econômico sustentável.
Para contornar essa situação, especialistas sugerem que o setor de energia renovável precisa evoluir e se expandir além da construção, com foco em operações, gestão e desenvolvimento contínuo. Em países como o Quênia, programas de requalificação estão sendo implementados para preparar a força de trabalho local para a manutenção e operação dessas instalações. A Strathmore University, por exemplo, desenvolveu cursos técnicos que capacitam jovens para carreiras de longo prazo no setor energético.
Outro exemplo vem de Bangladesh, onde o programa de Sistemas Solares Domésticos tem gerado milhares de empregos, mas com foco em posições temporárias. Para garantir um futuro sustentável para esses trabalhadores, a parceria com organizações locais tem sido essencial para oferecer treinamento técnico e preparar os profissionais para a continuidade no mercado de energia renovável.
Além do emprego temporário, o setor de energia renovável enfrenta desafios em termos de inclusão social. Mulheres, jovens e pessoas com deficiência muitas vezes são excluídos das oportunidades oferecidas, principalmente pela falta de acesso a treinamentos técnicos e políticas inclusivas. Iniciativas que garantam a participação de todos os grupos sociais são cruciais para promover uma transição verdadeiramente justa.
A solução, segundo especialistas, envolve o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem não apenas a criação de projetos, mas também a formação de indústrias sustentáveis e de longo prazo. A inclusão de cadeias produtivas locais e o investimento em inovação são passos essenciais para que a energia renovável se integre ao desenvolvimento econômico geral, gerando empregos duradouros e transformações sociais positivas.
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