quinta-feira, 21 novembro / 2024

A Índia está intensificando suas importações de petróleo bruto do Brasil, numa tentativa de diversificar suas fontes de energia em meio a instabilidades no Oriente Médio e competição com o petróleo russo. Esta iniciativa estratégica foi destacada pela recente visita do Ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, ao Brasil, onde foram discutidas expansões nas compras e colaborações em explorações de petróleo em águas profundas.

Apesar de um declínio nas exportações brasileiras para a Índia nos últimos meses, há sinais de um interesse renovado. Em 2024, a Índia importou petróleo do Brasil em apenas cinco meses, com um pico em abril de 41.600 barris por dia, mas este número é uma queda em relação aos 143.000 barris por dia de dezembro de 2023. Especialistas da S&P Global Commodities at Sea indicam que as refinarias indianas podem começar a optar por mais compras à vista e contratos a longo prazo de petróleo bruto brasileiro devido à crescente abertura à diversificação.

Tushar Tarun Bansal, da Alvarez and Marsal, ressalta a prioridade da Índia em diversificar suas fontes de petróleo, o que pode não apenas aumentar os suprimentos a longo prazo mas também incentivar investimentos estratégicos. A produção nos projetos da Oil and Natural Gas Corporation (ONGC) e da Bharat Petroleum Corporation Limited (BPCL) no Brasil ainda é baixa, porém projetos planejados para os próximos anos prometem elevar a produção para cerca de 40.000 barris de óleo equivalente por dia até 2028.

A expansão das importações de petróleo bruto do Brasil enfrenta desafios, incluindo a competição com o petróleo azedo do Oriente Médio e os preços mais baixos do petróleo russo. Mark Esposito, da Commodity Insights, aponta que o petróleo Urals russo, com uma quota de 42% das importações indianas de 2024, limita as oportunidades para o petróleo brasileiro. Adicionalmente, as diferenças nos custos e tempos de envio entre o Brasil e o Oriente Médio também são obstáculos significativos para a diversificação indiana.

A CAS informa que as importações de petróleo bruto da Índia da Rússia dominam o mercado, mas a competição pode aumentar com a China, que também procura alternativas ao petróleo iraniano. A disponibilidade de petróleo brasileiro para a Índia pode depender dos acordos com compradores chineses, que têm mostrado preferência pelo petróleo do Brasil.

Este cenário sugere uma complexa rede de geopolítica energética onde a Índia busca reforçar sua segurança energética, enquanto enfrenta desafios logísticos e de mercado na diversificação de suas fontes de petróleo.

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Thailane Oliveira é advogada formada pela USP e possui mais de 12 anos de experiência em políticas públicas e legislação de trânsito. Seus artigos explicam de forma clara as mudanças nas leis que afetam motoristas, ciclistas e usuários de transporte público.