quinta-feira, 21 novembro / 2024

Com a aprovação da Lei do Hidrogênio Verde em agosto de 2024, o Brasil deu um passo estratégico para fortalecer sua economia, especialmente no agronegócio. O marco regulatório, que estabelece certificações e incentivos fiscais, foi bem recebido pelo setor, que é responsável por aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A grande promessa do hidrogênio verde é sua aplicação na produção de fertilizantes, área na qual o Brasil é altamente dependente de importações.

O hidrogênio verde, obtido por meio da eletrólise da água utilizando fontes de energia renováveis, como solar e eólica, pode ser combinado com nitrogênio para formar amônia — um dos principais componentes dos fertilizantes. Essa nova rota sustentável tem o potencial de reduzir a dependência do Brasil de fornecedores externos, cujos preços são influenciados por crises globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou diretamente o preço dos insumos.

Segundo Leandro Borgo, presidente da Associação Brasileira do Verde e da Amônia, a produção local de hidrogênio verde pode aliviar os altos custos das importações, que ainda representam cerca de 90% dos fertilizantes consumidos no país. Com o aumento da demanda por fertilizantes devido à expansão da agricultura, a produção interna surge como uma solução viável para garantir competitividade e sustentabilidade ao agronegócio brasileiro.

Investimentos e inovação tecnológica

Grandes empresas já estão atentas ao potencial do hidrogênio verde. No Brasil, projetos envolvendo a produção desse recurso sustentável somam US$ 50 bilhões, com empresas como Qair, Fortescue e Unigel liderando iniciativas que prometem revolucionar o setor. Além disso, o porto de Suape, em Pernambuco, está prestes a inaugurar um centro de inovação dedicado ao desenvolvimento de novas tecnologias para o hidrogênio verde, com o objetivo de reduzir os custos de produção e facilitar o armazenamento e o transporte.

Embora o foco inicial esteja na produção de fertilizantes, outros setores da economia também enxergam no hidrogênio verde uma oportunidade de descarbonização. A indústria siderúrgica, por exemplo, planeja substituir o uso de carvão mineral na fabricação de aço por hidrogênio verde, o que traria ganhos significativos na redução de emissões de carbono.

Perspectivas globais e desafios

O cenário global também é promissor para o hidrogênio verde. Na Europa, a Comissão Europeia já destinou 720 milhões de euros para sete projetos de hidrogênio verde, e novos leilões estão previstos até o final do ano. No entanto, um dos principais desafios ainda é o custo de produção, que atualmente gira em torno de US$ 6 por quilo, o dobro do hidrogênio obtido de fontes fósseis. A meta para 2030 é reduzir esse valor para US$ 2 por quilo, o que permitiria a expansão do uso do hidrogênio verde para geração de energia e descarbonização em larga escala.

Com o novo marco regulatório e o crescente interesse de investidores, o Brasil está posicionado para se tornar um líder global na produção de hidrogênio verde, transformando não só o agronegócio, mas também a indústria e o setor energético.

Deixe o Seu Comentário

Quer saber tudo
o que está acontecendo?

Receba todas as notícias do O Petróleo no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.

ENTRAR NO GRUPO

Compartilhar.

André Carvalho é o fundador de O Petróleo e um jornalista com mais de 15 anos de experiência em economia e transporte. Formado pela UFRJ, André se destaca por análises profundas e acessíveis sobre o impacto das políticas econômicas e de mobilidade no dia a dia das pessoas.